sexta-feira, 6 de março de 2009

Não é por falta de pano

Já que o ano parece ter realmente começado mesmo, esta na hora de voltarmos a essencialidade deste bog tradicionalista: o tradicionalismo, evidentemente. Os nossos centros de tradições gaúchas recomeçam aos poucos suas atividades, fandangos e bailantas ressurgem com maior freqüência em todas entidades da região, enfim, as coisas vão retornando a seus devidos lugares. Confesso a todos, que a falta de eventos do gênero já estava me deixando perturbado, pois uma vez vivendo a música ela entra no seu sangue e jamais te deixa. Quando há um reconhecimento então, bom daí a vontade de subir ao palco é constante. De se contar as horas, os minutos e os segundos. Iria trazer aqui hoje um tema generalizado, não ia entrar em nenhum assunto que tratasse do nosso gauchismo, contudo parei-me à frente do computador e resolvi mudar toda minha estratégia, afinal, já esta mais que na hora de retomar a minha linha fundamentalista, tratando das coisas deste nosso Rio Grande velho campeiro.
O meu gauchismo é uma coisa que intriga as pessoas. Quando falo que sou músico as pessoas me perguntam de pronto: qual banda tu toca? Aí digo que é o GRUPO FANDANGUEIRO. O mesmo instigador complementa sua interrogação: Tu é gaudério? Respondo afirmativamente e aí vem como resposta uma conclusão exclamativa: Não acredito! Acreditem, em noventa por cento das vezes, é essa a reação das pessoas. Quando trato do assunto na universidade então, os números quase que batem a casa dos cem. O nosso povo esta tão descrente com os rumos que o nosso tradicionalismo tem tomado, que não acredita mais que a juventude pode se encorajar e tomar a bandeira do Rio Grande do Sul pra si. Utilizo-me freqüentemente do “porque”, e neste caso específico, “Por que tu não acredita que eu sou gaudério?” As respostas sempre são vagas, do tipo: Porque teu jeito de se vestir não remete a isso.
Aí tenho que confessar também que as minhas vestes do dia-a-dia de longe me caracterizam como gaudério. No cotidiano mais pareço um roqueiro desleixado, ou algo do gênero como já foi colocado por alguns. Aliás esta coisa de vestimenta já me gerou conflitos. Apesar de ser um filho de São Francisco de Paula (com imenso orgulho, diga-se de passagem), sou um profundo admirador das bombachas da fronteira, oriundas das vestes castelhanas. A saber, a bombacha castelhana é mais estreita, com menos pano, e o material utilizado na sua confecção lembra muito o jeans em alguns casos. Até o veludo é utilizado na produção da iguaria. Eu me sinto muito bem utilizando este tipo de bombacha e acho que não sou menos gaúcho por causa disso. Mas nem todos pensam assim. Certa vez meu primo e grande amigo Antônio, criticou-me (com muito afinco, diga-se de passagem) por eu utilizar este tipo de calça. Ele não deve mais lembrar da batalha que travamos via messenger, mas mesmo assim, que não me deixe mentir(hehehe). Na sua concepção (a época, hoje não sei), bombacha estreita marcava a legítima derrocada tradicionalista deste estado.
Não mudei meu pensamento por causa desta crítica, mesmo respeitando-a. A proporção de gauchismo de uma pessoa a meu ver, não está na bombacha que ela usa, no lenço ou no chapéu, mas sim na sua essência. A pessoa pode ser tradicionalista ao extremo sem nem mesmo usar pilcha (situação difícil de acontecer, mas não impossível), pois é no seu coração que mora o amor pela nossa cultura. Eu uso bombacha estreita não por falta de pano, mas sim por me sentir bem. Também uso bombacha larga, pois afinal é do Rio Grande. E sendo do Rio Grande é meu, e sendo meu eu defendo de qualquer um e a qualquer tempo.
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Forte abraço a todos e um bom final de semana.

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