sábado, 4 de abril de 2009

Nada vai nos separar

Algumas coisas estão escritas no nosso destino, são traçadas desde o momento em que nascemos e andam junto com nós por toda a vida. Quis este destino que eu viesse ao mundo torcedor do SPORT CLUB INTERNACIONAL, o clube do povo, surgido ainda na década inicial de mil e novecentos, fruto do sonho dos irmãos Poppe. A partir de então, forja-se uma história de luta, raça e títulos, muitos títulos. Hoje, cem anos depois, o colorado das glórias é conhecido no mundo todo, não só por suas epopéias triunfais, mas também pelo exemplo administrativo de um clube de futebol, galgado em procedimentos que permitem ter as finanças em dia, patrimônio sólido e o maior quadro social de toda América do Sul. No entanto, para chegar a estabilidade que hoje se encontra, o caminho foi longo e muitas situações difíceis foram enfrentadas ao longo desta história centenária, e, talvez por isso, é que hoje possamos comemorar com tanto orgulho as nossas conquistas.
Lembro-me com perfeição da primeira camisa, o primeiro manto sagrado, do colorado que ganhei. Tenho-a até hoje. Um presente de natal do meu pai, o ano era 1992. Acabávamos de ganhar o título da Copa do Brasil, vitória de um a zero sobre o Fluminense com um gol de pênalti do zagueiro Célio Silva. Esse foi o primeiro título de porte que vi o Internacional ganhar. Na década de 1940, tínhamos o chamado Rolo Compressor, que possuía a egemonia dentro das fronteiras do Rio Grande, conquistando seis títulos gaúchos em seqüência. Depois, já na década de 1970, surgiu um dos times mais vencedores da história futebolística deste nosso país, transformando o colorado no “Dono do Brasil”. Em 1975 o Inter foi campeão brasileiro pela primeira vez, um a zero sobre o Cruzeiro no Beira-Rio, com um gol de cabeça do cherifão Dom Elias Figueroa, o maior zagueiro da história deste clube. No ano seguinte, 1976, o Internacional sagrava-se bi-campeão do campeonato nacional em cima do Corinthians, dois a um com gols de Dada Maravilha e Valdomiro, também no gigante. Aí veio o ano de 1979. E esse merece um capítulo especial.
O ano de 1979 não começara bem para o colorado. No campeonato gaúcho fora apenas terceiro colocado e a base bi-campeão brasileira tinha sido desfeita. Restavam ainda Falcão, Valdomiro e Jair, no mais, novos jogadores compunham o grupo. A mobilização foi total frente o campeonato nacional e o Sport Club Internacional superando todas as expectativas foi tri-campeão brasileiro. E o melhor de tudo: INVICTO. O único campeão brasileiro invicto de toda história deste nosso campeonato nacional de futebol. Ninguém mais, o único. Arrisco a dizer que não haverá nenhum outro capaz de tal epopéia. Ninguém conseguirá igualar nossa marca! Passada a década vitoriosa de 1970, o colorado tem na década de 1980 novamente a egemonia do campeonato gaúcho. Na década de 1990, temos o título da Copa do Brasil e nada mais. Ali, passamos por momentos difíceis, muito difíceis. Aí veio o novo século, e com ele mais capítulos de nossa história...
Ainda me recordo da primeira vez que entrei no estádio José Pinheiro Borda, o Beira Rio. Era uma tarde de domingo do ano de 1996, Inter contra o Paraná, com vitória nossa por dois a um. Naquele ano ainda fui novamente, num jogo contra o Bahia. Desde então, passei a tratar o Gigante como minha segunda casa. O estádio Beira-Rio foi fundando no ano de 1969. Até então, o Inter utilizava seu antigo estádio, o Eucaliptos, na Rua Silveiro no coração do bairro Menino Deus, contudo, este com o passar dos anos ficou pequeno para toda nação colorada que já existia. Assim, no ano de 1959 começou a ser construído o nosso estádio atual, literalmente dentro o Rio Guaíba. Toda área foi aterrada para que fosse possível ser construído o estádio. O Beira-Rio foi construído em grande parte com a contribuição da torcida, que trazia tijolos, cimento e ferro para a obra, inclusive do interior. Nesse sentido, havia programas especiais de rádio, para mobilizar os torcedores colorados em todo o Rio Grande do Sul. Consta que até Falcão, mais tarde ídolo colorado, chegou a trazer tijolos para a construção. É por estas e outras, que digo que torcida igual a essa não há. O Gigante foi inalgurado dia seis de abril de 1969, dois dias após o aniversário colorado. Quando morei em Porto Alegre, passei a freqüentar constantemente as dependências do clube, me tornando sócio em 2006. Naquele ano acompanhei a trajetória triunfal do meu time na conquista da Copa Libertadores da América, e a final não sai da minha memória: dezesseis de agosto, quarta-feira, Inter dois; São Paulo dois. No jogo de ida havíamos vencido o tricolor paulista em pleno Morumbi, por dois a um gols de Rafael Sobis. Pela primeira vez vi meu time sendo campeão ao vivo, e lhes garanto que esta é uma emoção imensurável.
Dezessete de dezembro de 2006. Domingo. Este dia é o dia mais importante da centenária história do Sport Club Internacional. Grande final do Mundial Interclubes, Internacional e Barcelona. O Colorado das Glórias contra o todo poderoso time catalão. Todos diziam que era jogo jogado, que o Barcelona ia passar por cima da gente e eu, mesmo assim segui confiante. O jogo começou e o colorado mostrou desde o início a raça caudilha que faz parte da sua história. Bom, o resultado do jogo todos já sabem, mas gostaria de salientar que no momento em que o capitão Fernandão saiu para a entrada do Adriano Gabiru eu achei que o jogo estava perdido. Contudo, o destino do jogador estava traçado e ele entrou em campo para marcar o gol mais importante de toda a história do Inter. Em 2007 veio o título da Recopa Sulamericana e em 2008 a Copa Sulamericana, título este inédito para o futebol brasileiro. Enfim, Sport Club Internacioal Campeão de Tudo!
Nossa história é recheada de grandes jogadores. Como não lembrar de: Benitez, Clemer, Manga e Taffarel; Ceará, Cláudio Duarte, João Carlos e Luis Carlos Winck; Aloísio, Dom Elias Figueroa, Gamarra, Índio, Lúcio e Mauro Galvão; Cláudio Mineiro, Jorge Wagner, Oreco e Vacaria; Caçapava, Dunga e Edinho; Adriano Gabiru, Alex, D’alessandro, Carpegiani, Falcão, Fernandão, Guinazu, Jair, Tinga ...; Alexandre Pato, Bodinho, Carlitos, Claudiomiro, Darío, Escurinho, Flavio Minuano, Iarley, Larry, Lula, Nilmar, Rafael Sobis, Tesourinha, Valdomiro.... Os técnicos: Abel Braga, Enio Andrade, Muricy Ramalho e Rubens Minelli. Os preparadores: Gilberto Tim e Paulo Paixão. Por fim, menção aos presidentes: Eraldo Hermann, Henrique Poppe Leão, Fernando Carvalho, Frederico Arnaldo Balvé, Ildo Meneguetti, Marcelo Feijó, Vitório Piffero... A toda imensa torcida que fez deste clube o maior de todos.

Explicar o que estou sentindo nesta data de hoje e o que eu sinto pelo Inter é algo impossível, a emoção é infinda.


Colorado das Glórias, NADA VAI NOS SEPARAR.
FELIZ ANIVERSÁRIO SPORT CLUB INTERNACIONAL.
100 ANOS.
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Aos quatro dias do mês de abril de 2009.

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