quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crise, fanfarronice e politicagem

A palavra crise é algo eminente frente as constâncias inglórias de caráter físico, politico e social. Ouso dizer que a pobre coitada já está banalizada na boca do povo, relegada a sarjeta. Não posso, contudo, minimizar suas atribuições quando ela realmente se faz presente em nosso cotidiano. A situação do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, não só pode como deve ser tratada como crise. Neste caso, trata-se de calamidade pública expressa e muito facilmente visível aos olhos de quem realmente sabe enxergar a realidade a luz do bom senso. Eu poderia agora traçar um paradigma baseado no meu lado humanitário visto as famílias que tudo perderam, casas, móveis e o pior: mãe, pai, filho e filha. O bem da vida, o mais precioso de todos os nossos bens, esse não tem volta e não há dinheiro no mundo que pelo menos amenize a dor destes duramente atingidos. Sou mais cético, no entanto. Os mais antigos neste espaço, devem recordar bem que a época dos acontecimentos catastróficos naturais no nosso vizinho e agraciado Estado de Santa Catarina, fui taxativo, ao elencar algumas das causas para todos os problemas causados pela chuva e suas conseqüências. Não será agora, falando da cidade cartão postal do nosso país, ou seja, Rio de Janeiro, que serei diferente. É preciso, neste caso, agir sim com solidariedade, mas não, em momento algum, com politicagem.
Em Taquara, cidade em que trabalho, de uns tempos para cá as chuvas um pouco mais torrenciais resultam em alagamento das ruas centrais do município. Algo vergonhoso ao levar-se em conta que já estamos no ano de dois mil e dez e não na década de sessenta ou setenta. Culpa de quem? Só do atual prefeito eu sei que não é. Políticos, na sua grande maioria, pouco estão preocupados com as conseqüências de seu atos, mas sim, com a popularidade e com os votos que eles trarão. Assim, dão um jeito de asfaltar ruas, permitir o crescimento do número de habitações e assim por diante. O problema vem de longe, mas sim, a culpa também é do prefeito atual que até agora nenhuma providência tomou para minimizar os efeitos da torrencialidade das chuvas. No Rio, não fugimos muito disso. Casas e mais casas construídas nas encostas de morro, crescimento habitacional e populacional desenfreado. Mas isso é detalhe apenas. Os problemas vão muito além da falta de estrutura urbana da cidade do Rio de Janeiro e dos municípios ao seu entorno. Há uma questão geográfica também, tendo em vista a característica de uma cidade litorânea: de um lado mar e do outro morro. Condenar os que constroem casas nas encostas quando isso surge como única alternativa frente a não existência de espaço físico mais adequado? Deve-se condenar quem deixou construir, quem não apresentou alternativas, quem vai para a imprensa chorar e expor-se ao ridículo, ao invés de olhar para seu próprio umbigo e utilizar o mar de dinheiro oriundo do petróleo para realmente fazer algo socialmente produtivo. O Rio de Janeiro não precisa de coitadismo. Nunca precisou, aliás.
A profissionalização dos políticos neste nosso país tem nos tornado reféns de seus mandos e desmandos. É sim uma tristeza ver o Rio embaixo d'água, o Maracanã submerso, pais perdendo seus filhos soterrados e casas sob o mar de lama. É bem mais que triste para quem vivencia. É doído, doloroso. Esta imagem não se apaga em mente alguma. Agora não podemos fechar os olhos. Para uma cidade que já sediou Jogos Panamericanos, que sediará a final da Copa do Mundo em 2014 e que será o berço dos Jogos Olímpicos de 2016 a resposta do poder público frente ao caos em que o estado fluminense encontra-se beira ao ridículo. Ir para a televisão pedir que as pessoas não deixem suas casas sr. Prefeito, ora, para isso não precisa estar no seu cargo. E quem até agora não chegou em casa? Sim, os adventos da natureza são muitas vezes imperdoáveis. Porém, para uma cidade que espera receber o mundo em alguns anos, a resposta para tudo isso tinha que ser iminente e enfática. Como diria o “Capitão Nascimento”: Pedem para sair, seus fanfarrões!
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Abraço e boa seqüencia de semana.
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PS.: O motivo para o texto ter sido postado na data de hoje, sete de abril, é o fato de o Blog do Campeiro estar completando nesta data dois anos de existência. Aos que acompanham desde o início, mil gracias pela parceria.
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Campeiro

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