quarta-feira, 11 de maio de 2011

Preconceito e o guarda-chuva

Por preconceito eu acabava olhando aquela cidade com desdém. Recordo-me que ia a São Chico com uma certa freqüência, bem mais do que atualmente, e ao cruzar Parobé achava tratar de uma cidadezinha qualquer, com violência e desorganização. Aí, em meados do ano de dois mil e nove fui trabalhar em Taquara, atendendo além deste mais cinco municípios. Dentre os quais estavam Parobé. Medo eu nunca tive, afinal, cheguei lá sabendo o que me esperava. Mas confesso que não estava muito confortado. A má impressão, contudo, passou logo. Não demorou muito para mim perceber que Parobé era uma das melhores cidades da região e a mais desenvolvida. O desenvolvimento é tamanho, que esta se tornou a cidade mais visitada por mim neste período de quase dois anos que lá fiquei. O volume de serviço lá gerado era desproporcional as demais cidades, inclusive, Taquara. Taquara, aliás, que parou no tempo. Uma cidade velha, feia e com problemas estruturais sérios. Parobé não. Uma cidade preocupada em melhorar seu conceito. Cidade limpa, conservada e renovada. E pensar que o meu preconceito era com Parobé...
Ontem quando li a manchete de todos os jornais, da região ou não, atentando para o fim das atividades da empresa de calçados Azaléia realmente preocupei-me. Ainda que a empresa já não tenha mais seu porte de outrora, é o carro chefe da arrecadação do município, compreendendo 30% deste, conforme informações da imprensa. O fato de os jornais hoje citarem que muitas empresas absorverão os funcionários da Azaléia é um motivo de alento sim, mas não tira o foco da preocupação quanto ao futuro da cidade. Com emprego as pessoas continuarão movimentando a economia, todavia, isso já está sendo feito. O “plus a mais” redundantemente falando, que é a arrecadação de ICMS por parte da prefeitura em face exclusivamente a empresa, não mais existirá. Ora, a consonância dos fatos não gera outra interpretação, senão, a de que o município sofrerá sérios problemas para se manter. Serviços básicos como saúde, educação, cultura e lazer terão cortes significativos. E cortes financeiros significativos em dias de total capitalismo como atualmente estamos vivendo, acreditem, é uma hecatombe de proporções inimagináveis.
No meu caso, resta torcer para o melhor. Parobé merece, acreditem.

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Estar aqui hoje não isenta a minha ausência da semana anterior, mas me deixa com a consciência um pouco menos pesada. Assim, por ser este um texto de “descarrego”, no poderia estar aqui reclamando, ou então, dando ensejo a polêmica, ainda que o título deste texto seja bastante inspirador. Vou ater-me a fazer uma crítica construtiva ao povo brasileiro como um todo. Estamos vivendo dias preocupantes, ainda que muitos não percebam. Alguma vez você lembra de ter pago cerca de R$ 3 por um litro de gasolina? É, nem eu. Está na hora de sermos um pouco mais incisivos nas críticas, não nos contentarmos com migalhas. Vivemos tempos de “Pão e Circo” na Roma antiga e em outras épocas da história recente. Hoje chego a conclusão que devemos sempre desconfiar quando as promessas começam a ficar muito vantajosas para o povo. Podem ter certeza: o dia ensolarado de hoje, está sempre escondendo a tempestade de amanhã. Assim, o melhor a fazer é andar com um guarda-chuva embaixo do braço. Ahh sou índio velho aprevinido...

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Abraço a todos.

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