sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Apego

Vendi meu aparelho televisor dia destes. Estava, por fim, em cima de um roupeiro coberto de um pano. Aliás, sempre teve um papel secundário dentro de casa, nunca principal. Vivia em cima de um poleiro que inventei e de lá saiu quando perdi o quarto para as obras de reforma. Andou pra lá para cá e parou sob o móvel das roupas. Lá ficou meses sem uso. Aí surgiu uma oportunidade e vendi. Não sofri na hora da entrega. A adquirente acho que fez um bom negócio; bom preço e um equipamento com pouquíssimo uso. Não me apego. Gosto das coisas e as vezes lamento perdê-las. Depois me acostumo. É assim, da vida. Com as pessoas também. Claro que não me desapego assim, tão facilmente. As vezes o convívio interpessoal é diferente, envolve outros fatores. Os relacionamentos também têm seus predicados. Mas mesmo assim, um dia acostumamo-nos com aquela ausência e seguimos em frente, ou por diante como sempre me refiro. Há exceções, lógico. Componentes emocionais como o amor, por exemplo, trazem a tona uma outra circunstância. O apego. Eu quando realmente me apego a uma coisa ou a alguém eu tenho dificuldade em desfazer-me dela. Contradição com o assunto supra abordado? Não. Explicação. A diferença é que me apego a poucas coisas; seletas, especiais. É o caso, entre outras, da música.
Como todos sabem, deixar os palcos não foi algo muito fácil em minha vida, apesar de ter sido resolvido com um telefonema. Depois de seis anos ininterruptos, num primeiro momento achei que já tinha me apegado. Aí as coisas foram se acomodando, eu fui refletindo e percebi que a vida continua. Desde então, sigo ela “por diante” esperando novos acontecimentos. Mas e a música? A música foi e continua sendo um capítulo importante na minha história. Está intrínseca, e, portanto, jamais deixará de estar comigo. Como vivenciarei ela é que são outros quinhentos. Não preciso estar no palco para tê-la comigo. No último sábado comprei o novo disco do João Luiz Corrêa. Um belo trabalho. Digno da comemoração dos seus dez anos de carreira. Tanto, que vou procurar fazer uma postagem exclusiva acerca do disco. De igual forma o último disco do grupo Rodeio. Outro belo trabalho. Ambos vêm se revezando no tocador de CD do meu carro, e é dessa forma, que vou vivenciando a música. Que tenho vivenciado a música. Qualquer hora dessas eu vou até um CTG para dançar e assistir a um baile novamente. Também estarei vivenciando a música.
No mais é isso. Já dei uma lida na coluna da amiga Zelita Marina e com ela, trato de manter-me à par dos acontecimentos gaudérios. Converso com um amigo aqui, outro ali e também vou me interando dos causos do Rincão. Então perdi o apego do palco? Não diria isso. Aliás, se por acaso dei a entender, por favor, perdoem-me não foi a intenção. Desapeguei-me dum projeto, duma forma de viver a música, mas não do palco. Gosto de estar no palco, ou gostava. Gosto de tocar baile, ou gostava. Mas isso hoje faz parte do passado e não do meu presente. No atual momento da minha vida estou dando enfoque para outras coisas e não para o palco. Mas e o futuro. Não sei. Não me apego ao futuro. Não sem antes viver o presente. São coisas da vida, afinal. Vendi meu aparelho televisor dia destes. Ontem fez dois meses que subi no palco pela última vez. Qualquer hora dessas compro um novo aparelho. Qualquer hora destas eu volto pro palco. Mas sem apego a data. Sem apego.
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Quero aproveitar pra fazer uma saudação especial ao grande amigo Maicão, do grupo Tchê Moçada, leitor assíduo deste blog.
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Forte abraço e bom final de semana a todos.

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