sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Minuano

Depois da tal de neve caindo em Novo Hamburgo, na terça-feira, até me obrigo a falar do tempo novamente. Que cousa louca tchê. No fim acho que não era neve de verdade, mas, como não vi, respeito que se diga ao contrário. Tem coisas que realmente só acontecem em agosto (risos). Mas já que to falando no tempo, seguimos por diante. No dia em questão o vento andava assobiando e vinha cortando. Me fez lembrar o velho Minuano de tantas e tantas peleias, que não vai muito, aparece nos campos dobrados de São Chico e é um dos parceiros da campereada. O Minuano geralmente chega cortando e deixa o vivente meio arisco com a friagem que vem de relance. Ala pucha tchê. Há quem diga que era o próprio Minuano que estava de passeio nas terras do vale. Não sei. Não creio, talvez. O Minuano gosta mesmo é de São Chico, Cambará, Capela dos Ausentes, Jaquirana e de algumas cidades do vizinho estado Catarina, como São Joaquim. Só que nestas cidades há sempre um gaúcho emalado num poncho serrano. Na serra o fogão de lenha faz costado, o pala anda sempre arranchado no peito do gaúcho e o mate, bom, o mate assim como na estância do João Cardozo (risos), está sempre pronto!
Por falar em terça-feira, nesta estive na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Não tanto pelo baile, um pouco talvez pela tradicional janta campeira. O real motivo que lá me levou foram outros... No mais, revi alguns conhecidos, dancei um pouco (coisa que aliás muito não fazia), me diverti, enfim. Olha que apesar da galopante friagem da noite, a gauchada se fazia presente no galpão do CTG, ainda que menos que o de costume. Aliás, não há nada que uma boa boia campeira, uma boa música de baile e o calor humano da gauchada para esquentar numa noite como aquela. Num breve momento de nostalgia, relembro algumas gloriosas noites em Lomba. Grandes bailantas. Uma delas coincidiu com o aniversário do meu pai. Grande noite animada pelo antigo Garotos de Ouro. Nos tempos do Ivonir Machado.Que baile! É ao lembrar destes tempos que penso ainda ter o que fazer pela música. A realidade, entretanto, é um pouco mais diferente. Nos finais de ano o encerramento era com Os Serranos e, é claro, casa cheia. Ohh saudade. Acho que só pelas lembranças, passar frio já valeu a pena.
O bom de um texto é poder dar lógica a algo que talvez sozinho pareceria estranho. Ao falar em noite de frio, acabei por lembra-me de um baile que cantei na Cazuza Ferreira. O mês tenho certeza que era setembro, o ano acho que era 2008. O dia era chuvoso, murrinha, o barro tomava conta. O frio era tanto que, pela primeira e última vez, passei o baile cantando com um blusão vermelho que, aliás, tenho até hoje. Imaginem uma noite fria e multipliquem por quatro. O resultado era igual aquela. Engraçado que já estávamos quase na saída da primavera; e por incrível que pareça, o que teria tudo para ser um fracasso devido a intensa friagem, não foi. A sala tava cheia do início ao fim. Cinco graus mais quente, não teria espaço para botar mais gente dentro do salão. Hoje é um dia de lembranças pelo que se vê, para matar a saudade. Assim, lembro que naquela noite tinha ronco de gaita, a voz do Campeiro ecoava pelo interior de São Chico, o calor da gauchada dançando se fazia presente, bem como o velho Minuano. Este, por sinal, jamais deixa de estar presente numa boa festa. Um “baita” parceiro!
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Aproveitando a deixa, mando uma saudação especial ao grande amigo e gaiteiro Airton de Lima e Silva.
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Um forte abraço e bom final de semana a todos.

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