sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O veraneio do Tio Laudelino - parte 1

A ‘estória’ da casa da praia

 
Tio Laudelino, de tanto pelear na lida de fora, já não mais se acostumava – assim tão fácil – com mudanças em sua vida. Também, o véio já beirava os setenta “mas só na rabugice!” – diria Tia Maria; aliás, a tia era conhecedora profunda do caso, afinal, era mais cinquenta de convivência. No mais, Tio Laudelino parecia um guri: não perdia uma armada!

Pois convencido (ou obrigado – como queiram) pelo primo Bentinho, Tio Laudelino foi passar uma ‘temporada’ em Arroio Teixeira, na sua casa de veraneio. Sim, numa venda de boi mal sucedida para um gaiato do litoral, afim de não perder todo o patrimônio, aceitou a tal casa no negócio. No início pensou em ‘passar nos cobres’, mas daí cedeu aos apelos do Bentinho e as manhas de Verinha (aquela guria é o “calcanhar de Aquiles” do tio. O prima esperta!) e acabou ficando com a casa que, pasmem, foi conhecer só agora, quase dez anos depois da “compra”.

Sonhando com uma reforma pomposa, com direito a piscina e tudo, Bentinho – com o apoio da Verinha (é claro) – resolveu que era chegada a hora do pai “aproveitar” o patrimônio litorâneo afinal, só lida de campo não chega para a vida de um homem. Confesso-lhes que há tempos não via Tia Maria tão entusiasmada com a mudança de ares, ainda que de forma temporária; o mar vira de relance, há tanto tempo que esquecera do dia em que o fato se ‘assucedeu’. Ao certo, devia estar relacionado algum negócio de venda de gado ou até mesmo um rodeio em que o tio tenha ganho. Sim, bastava Tio Laudelino levar um troféu pomposo de 1º lugar, para nunca mais voltar participar do rodeio. Diz ele que é pra dar chance pros outros, mas na verdade, é uma questão de ego. Por isso fez fama em tudo que é canto deste Rio Grande e pelo mesmo motivo, hoje em dia só laça na cancha que fez lá num ‘chatozinho’ da fazenda.

Mas voltamos ao que interessa. Como Tio Laudelino detesta aperto (a se ver pelo galpão da estância que cabe tudo e mais um pouco), Bentinho e Verinha tramaram de levar o pai pra casa da praia, afinal, com o véio se sentindo sufocado lá dentro, fatalmente a verba brotaria da guaiaca recheada do pai, para bancar os luxos dos calaveras. Boas pessoas sim, mas gananciosos e espertos, muito espertos.

Ahh, mas esta eu quero ver! O que o Tio Laudelino tem de manteiga para os filhos mais novos (esqueci de mencionar o mais velho,  Antônio Carlos – que nunca deu margem para apelidos no diminutivo e que quando pode, acaba com a festa dos irmãos), tem de pão duro. Bentinho e Verinha até podem ser espertos, mas o Tio Laudelino não fez fama por acaso: é o rei de todos!

E segue o baile...

***

A partir desta sexta-feira, passarei a contar as estórias do Tio Laudelino (e seu veraneio no litoral gaúcho), um gauchão de marca maior, até debaixo d’água e pouco afoito a frescuras e modernidades. As histórias que trarei são de ficção e inventadas por mim mesmo. Não foram feitas para ter coincidências. Mas se por acaso você se achar nisso tudo, me manda um e-mail e desembucha o caso: bruno_campeiro@hotmail.com
Abraço e bom final de semana a todos.

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