sexta-feira, 18 de abril de 2014

Pecado da carne

Anos atrás, na minha bela e querida infância onde passava as férias escolares na inigualável São Francisco de Paula, vivi uma história engraçada, daquelas que dão saudade. Pois numa quarta-feira de cinzas, logo após a folia do momo, recebi o convite do meu primo Maicon para irmos à Taquara, já que o mesmo queria comprar uns jogos de video-game. Por muito tempo, antes da mudança da estação rodoviária da cidade, havia na frente da mesma uns camelôs, local ideal para compra dos referidos jogos. Admito que nunca fui muito fã de jogar em frente a uma televisão, mas de aventura - certamente. Logo, pegar um ônibus em São Chico e ir para Taquara bater perna, sozinhos, era um negócio e tanto naquela época (risos).

Rapidamente, salvo engano, resolvemos a compra dos jogos. Aliás, sequer lembro se os jogos foram comprados. Entretanto, dependendo de ônibus, constatamos a necessidade de almoçar em Taquara, visto que a volta se daria somente na parte da tarde. Até aí tudo bem, pois o que não faltava era restaurante no centro de Taquara. Dinheiro a gente também tinha. Mas (e sempre tem um mas em tudo) surgiu um problema: por algum motivo que não sei qual, alguma avó passou a semana interior inteira dizendo que na quarta-feira de cinzas não se come carne vermelha. Até hoje não sei quão a risca isso deve ser cumprido. Porém, dois guris, temendo a mão impiedosa de Deus, resolveram não enfrentar o pecado da carne. Passamos a entrar em restaurantes e nenhum tinha peixe no cardápio. Nenhum. Aí, este que vos escreve lembrou de algo bastante importante.

Pois na saída de Taquara em direção à São Chico tinha o Mariscão, famoso restaurante de frutos do mar. Até hoje tem um mega peixe na frente do estabelecimento; assim, deveria ter peixe num restaurante que tem um peixe na frente. Brilhante. não? Pelo visto eu já me destacava nesta época... (risos). Mas tinha um problema. Do centro de Taquara ao Mariscão são alguns quilômetros. Ir de taxi? Comprometeríamos o dinheiro do almoço. Então, nada, nada melhor que uma boa caminhada. E que caminhada! Mais de uma hora depois, lá chegamos vermelhos e suados do trajeto e de um fevereiro quente (risos) e, para nossa alegria, tinha peixe no cardápio!

Almoço resolvido, por sorte tinha uma parada de ônibus próxima ao restaurante. Logo, não precisamos fazer todo trajeto novamente até o centro. Lembro que passaram uns conhecidos que pouco ligaram e não ofereceram uma carona. Gente sem coração! Não sabem o sofrimento que fora chegar até ali (hahaha). Depois da volta eu não lembro mais de nada. A memória me trai. Mas este episódio voltou de forma nítida em minha cabeça hoje, lembrando dos bons tempos da infância, onde a minha preocupação era não afrontar a Deus comendo carne vermelha numa quarta-feira de cinzas.

Esta vida é engraçada. Se foi a infância e meus tempos de não pecador. Hoje eu sou o pecado em pessoa(hahaha).

Vos escrevo direto de São Chico. Louco de faceiro!

Abraço e bom feriado a todos.

Um comentário:

A Arrasada! disse...

Mas báh! Adorei tua escrita.
Li tudo como se pudesses estar sentada em alguma varanda, ouvindo um recém chegado contar seus causos.

Parabéns!