terça-feira, 8 de julho de 2014

Separatismo. Começo de conversa...

Li uma matéria do jornal ZH, versão online, compartilhada por uma amigo no facebook, acerca do movimento separatista, ainda presente em nossos dias atuais. Tal matéria teria surgido em face de críticas que a cantora e apresentadora Shana Müller teria recebido, apos aparecer abraçada a uma bandeira do Brasil em um jogo da Seleção nacional, o que teria gerado revolta de muita gente. Bueno, falo tudo na condição de hipótese, com base na reportagem, haja vista que não acompanho a referida artista nas redes sociais. Aliás, nem o Galpão Crioulo, que a mesma passou a apresentar com a aposentadoria do tradicionalista Nico Fagundes, eu assisto mais. Mas, imperioso referir, que ao menos o fato serviu para reviver o assunto do separatismo, ainda que, ao menos para mim, ele nunca tenha morrido. Para mídia, talvez.

A matéria deixa um pouco a desejar no tocante ao ponto e o contraponto. Não trás, por exemplo, a palavra das pessoas que defendem o separatismo e seus reais motivos. Trás a palavra de alguns historiadores, da referida artista e do MTG, como se a entidade representasse alguma coisa nesse sentido. Enfim, a empresa jornalística fica meio que em cima do muro. Por um lado é até melhor, só assim a gente entende alguma coisa sobre o seu editorial que, ora exalta o tradicionalismo e noutras tantas esculhamba, com visões patéticas de alguns pseudo intelectuais. Dentre eles, para minha lástima, David Coimbra, que parecia ser um jornalista esclarecido e moderno, mas que caiu no meu descrédito ao culpar o tradicionalismo e até mesmo o grande e imortal Érico Veríssimo, pasmem, pela falta de desenvolvimento do nosso Estado. Penso o que diria do país vizinho Uruguai, que é ainda menos desenvolvido que o Rio Grande, mas que é hoje menina dos olhos de boa parte do mundo, quer por sua beleza ou pelas ações de seu Presidente. Enfim, o que o referido jornalista pensa já não me faz mais diferença.

A questão fica no ideal separatista do Rio Grande do Sul, ou dos estados do sul, numa maior amplitude, do restante do Brasil. Se por um lado assiste razão o historiador entrevistado, quando diz que o nosso ideal separatista se ampara um tanto quanto no surrealismo, de como teria sido, ou como seria, se hoje país ainda fossemos, não há nada que assegure os prós e os contras. Não se pode afirmar se triunfaríamos ou sucumbiríamos às pressões que sofreríamos por ser um país, ao invés de um ente federativo do Brasil.

O ponto nevrálgico, a meu ver, consiste num debate cultural, o que a dita reportagem não soube (ou não quis) abordar. Obviamente, nos tempos atuais, o que ainda mantém a discussão acerca do tema diz respeito a diferença sociocultural que temos do restante do Brasil. Embora sejamos respeitados pelo sudeste e o nordeste, por exemplo, a região sul ainda é vista de forma "atravessada" por muita gente. Daí passamos a ser bairristas ou que nos achamos melhor que os outros. 
Todavia, o que parece ser é uma dor de cotovelo que boa parte do Brasil têm para conosco, diante da nossa capacidade de divergir e lutar por aquilo que entendemos ser necessário. Se somos bairristas? Claro! Quem será por nós, senão mesmo "nosotros"?

O assunto é pertinente e longo. Logo, este é apenas um começo de conversa. Voltaremos!

Abraço e boa sequência de semana a todos.

Um comentário:

Carlos Schneider disse...

Caro Amigo.
Chego ao seu maravilhoso artigo pelo Lucas Schneider. Visite este nosso site http://www.pampalivre.info/ e vais te surpreender.
O Davi Coimbra tem uma história negra nas páginas do Pampa Livre. O País dos Gaúchos vem muito antes da Revolução farroupilha e a saga farroupilha para alguns, é obra da Maçonaria. Para outros, a revolta imperialista e para um terceiro grupo, a revolta dos estancieiros. Seja lá qual for a corrente imperativa, o fato é que a Revolução Farroupilha não foi briga de lanchonete como a Revolução dos Beckmann, a Revolução de Canudos, como movimento de explosão. Foi a defesa da honra, da dignidade, do denondo do povo que vive a míngua até hoje. Mas aí está uma boa prosa ao pé do fogo de chão. Parabéns pelo artigo. Abraço. Carlos Schneider