terça-feira, 2 de setembro de 2014

Me engana que eu gosto

Tirando fotos, sorrindo sobre o cadáver ainda quente. Mais um voto.


Experimente perguntar a uma viúva, logo ao término do enterro, sua opinião sobre o marido recém falecido. Provavelmente a imagem do marido será confundida com a de um santo. A dor recente, ainda latejante, se apresenta como um componente preponderante no momento da lembrança.  Agora, experimente perguntar a opinião desta mesma viúva dois anos depois da morte. Provavelmente as boas memorias continuarão a ser enaltecidas, mas os defeitos e alguns problemas do falecido marido já serão comentados com maior naturalidade. Obviamente, depois de algum tempo, a morte já foi melhor assimilada e a comoção da perda já não tem mais o controle no senso de julgamento.

Falo deste exemplo para explicar, o que demonstra ser a única razão pela qual Marina Silva saiu de inexpressivos 9% das intenções de voto quando era vice de Eduardo Campos, para despontar como favorita, duas semanas após a morte do candidato. A exposição da tragédia, o desejo natural e humano por “mudança” na politica e os sentimentos de pena e pureza que Marina inspira com seus trejeitos de profetisa tropical são fatores que acabam por consolidar a vantagem. 

Por acompanhar a política com olhos mais pragmáticos, eu tenho grandes desconfianças sobre nossa Gandhi tupiniquim. A Marina era do PT até certo tempo atrás, vestia boné do MST e tudo mais, até que saiu do partido. Sera que o PT saiu dela? Enfim, ela era do PT, depois foi para o PV, depois foi para REDE e como não conseguiu fundar o partido, esta agora no PSB. Afinal, qual é a convicção dela? Parece-me que a nova política é cheia da velha conveniência. Agora preste atenção nesse dado: Marina Silva acumulou mais de R$ 1,5 milhão fazendo palestras. O que ela falava? “Temos de parar com o consumismo, frear a ganancia, deixar de acumular mais e mais para pensar no amanhã, pensar no próximo, no planeta que queremos, etc...”. Palavras proferidas, provavelmente, 5 minutos antes de consultar o saldo milionário de sua conta, enquanto o marido já ganhava quase R$ 20 mil do governo, petista, do Acre. Ai, ai...

A Marina Silva não pode ser milionária ganhando dinheiro com palestras? Claro que sim. Deve. Mas porque falar uma coisa e fazer outra? Porque não defender claramente ideias que permitam com que mais brasileiros possam chegar ao seu patamar financeiro, através do empreendedorismo, do livre mercado, da meritocracia, da iniciativa privada? Ela é a favor ou contra os métodos do MST? Por que ela vestiu o boné do movimento? A Marina não é fruto de superação individual? Por que ela não mostra que sua condição de pobreza nunca foi desculpa para se tornar uma criminosa? Afinal, ela vai cortar ministérios, cargos de confiança? Vai fazer uma gestão eficiente do Estado?  

Ela não responde nada de maneira clara, nunca é objetiva. É estratégia. Quanto mais ela faz isso, mais votos consegue. Ela leu a mente do brasileiro. Me engana, que eu gosto.    

Por Rodrigo de Bem Nunes, de Houston - Texas - EUA.

Um comentário:

Anônimo disse...

Rodrigo teu texto é esplendido, maravilhoso e verdadeiro quando falas que Marina fala aquilo que o povo quer ouvir. Realmente ela não tem convicção do que realmente defende, sem falar da pouca experiência para o cargo.
Mãe