sexta-feira, 27 de março de 2015

O dia de Porto Alegre.


No dia em que saí de casa, começando ali uma nova fase da minha vida, confesso a todos vocês que senti medo. Estava deixando o aconchego do lar familiar e assumindo uma posição de independência na minha vida. Não sabia se eu me adaptaria, como iria ocorrer isso este processo todo, além de tantos outros questionamentos que rondavam a minha cabeça. No dia onze de abril de 2006 eu mudei-me para a capital do nosso estado, Porto Alegre, devido a compromissos profissionais. Para quem vê de fora, uma cidade caótica, violenta, suja, desarrumada...Para quem vê de dentro, uma cidade aconchegante, com muitas histórias pra contar e indiscutivelmente única. Minha paixão por Porto Alegre começou naquele instante e desde então, nutro uma profunda admiração pela cidade. Só mesmo São Chico que ganha de Porto Alegre. Por força do destino, no final do ano de 2007 acabei retornando para casa, contudo, a vontade do voltar a morar na capital persiste dentro de mim e não hesitarei em retornar quando houver oportunidade.
Na manhã de hoje, lembrei-me do meu percurso diário, minha rotina de ida para o trabalho. Deixava o apartamento que morava na rua Getulio Vargas, no coração do bairro Menino Deus e seguia rumo a zona norte. Cruzava toda a extensão da Venâncio e vinte minutos depois estava no Hospital de Pronto Socorro, aguardando a linha 431 na parada de ônibus. Subia a Protásio, entrava na Carlos Gomes e descia na esquina com a Plínio.  Na volta pra casa, o caminho era similar. Dividia moradia com um grande amigo, meu irmão Duda. Sinto falta das nossas conversas que varavam a madrugada.
As quartas-feiras destinadas ao meu colorado no gigante, as rápidas passadas pela redenção e pelo parcão quando voltava de carona com o Renato. As idas ao Zaffari para comprar o lanche. As gravações na casa do Cesar e da Carlinha (um fraterno abraço pra este casal de amigos, únicos), subir a Dr. Flores quase duas horas da manhã em virtude disso. As andanças corridas pelo centro, os dias trabalhados na SMOV, local que de quintal do satanás virou um paraíso. As caminhadas pelo Menino Deus e as péssimas recordações das viagens de trensurb. Tudo isso paira na minha cabeça e me faz sentir saudade dum tempo que nem é tão distante, mas que me marcou de forma profunda para o resto da vida. Sentimentos que Porto Alegre transmite a todos que lá moram e a todos que a conhecem de verdade. Uma cidade que a cada dia se rejuvenesce, mesmo tendo duzentos e trinta e sete anos (Agora, 243). Mais de dois século completados na data de ontem.



Vinte e seis de março, o dia de Porto Alegre. Feliz aniversário. 


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Publicado originalmente em 27/03/2009. Editado.

Bom final de semana a todos.

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