segunda-feira, 9 de março de 2015

Sonhos e devaneios.

Assim como não acuso o Partido dos Trabalhadores, apenas critico quando toma posições que vão em desencontro com sua ideologia e trajetória, não expurgarei os políticos do Partido Progressista supostamente envolvidos nos delitos em apuração pela "Operação Lava a jato". Primeiro, que não tenho o perfil de acusador. Contrário senso, atuo na defesa do direito, da liberdade e, principalmente, do princípio constitucional da presunção de inocência. A política criminal brasileira, do primeiro prende para depois construir as provas para condenar, é nefasta. Mais nefasto ainda é que na grande maioria das vezes não há felicidade na construção das provas e mesmo assim o réu é condenado. Se tá ruim para político, imagina para o Zé da Vila que é suspeito de um crime "só"... por ser o Zé da Vila. Aliás, falar em política criminal no universo brasileiro chega a ser ofensivo ao tema.

Pois assim como não se pode prender o Zé da Vila sem prova e expô-lo ao ridículo e à mensuração e condenação da sociedade, abrir lista de nomes de suspeitos em inquérito policial, também. Pois já se conduziu de forma errônea, a meu ver, o processo da Ação Penal 470, o mensalão, quando no ímpeto de pôr políticos na cadeia para satisfação de ego do Ministro Relator, desejo da mídia e suposto clamor da sociedade, suprimiu-se direitos e se condenou alguns mesmo sem provas robustas. Indícios, são meras fórmulas de suposta prática delitiva. Servem, no máximo, para dar ensejo à ação penal. Jamais para condenar. Jamais! No Brasil, contudo, com a falta de comando evidente, desde muito, os Juízes passaram a achar que são deuses. Hoje, pasmem, já têm certeza. 

Não se pode incorrer no mesmo erro, agora. A palavra "petralha" me causa repulsa, pois, coloca na mesma vala todos os militantes do PT. Conheço pessoas do mais alto gabarito, incorruptíveis, que se mantém lá porque ajudaram a fundar o partido e querem que o mesmo volte aos seus primórdios. E certos estão eles. Errados são os que a cada mero dissabor saem beijando outras bandeiras, dizendo-se comprometidos com a ideologia partidária. Quem não respeita a si próprio haverá de ter ideologia partidária? Também não vou chamar o PP gaúcho de nada e sequer os políticos supostamente envolvidos. Não são sequer réus do Poder Judiciário ainda.

Isso, do envolvimento, em tese, de partidos alheios ao PT no processo de corrupção da Petrobrás e etc., só demonstra que realmente uma reforma política é necessária urgentemente. Nela, os partidos deverão deixar de ser tão importantes. Nela, deverá se impedir a criação de novos partidos nanicos e caça niqueis. Nela, restará bem claro as sanções por envolvimento com o crime. Os partidos políticos no Brasil se enxergam na condição de instituição. Pois não são. Aliás, convenhamos, não fazem falta alguma. Todos, sem exceção, abandonaram suas ideologias em torno de algo maior, a sede por poder e dinheiro.

Queres conhecer um político de verdade? É só não pagar mais salários e outros benefícios. Sobrarão vagas. Devaneios meus, esclarece-se.

Dizem que ontem a Sra. Presidente fez um pronunciamento em rede nacional, no qual teria colocado a culpa da crise e dos altos preços de energia e combustíveis, na economia mundial e na seca do sudeste. Até pode ser. Mas deveria ter colocado a culpa em si mesmo, afinal, ela não lembrou disso durante a campanha, ou alertou a sociedade sobre o que vinha pela frente. É aí quem vem minha crítica ao PT: está incorrendo no mesmo erro dos antecessores, dos demais partidos e não dá o exemplo positivo. Não deixe, partido dos trabalhadores, que a falta de humildade faça com que o Brasil esqueça das coisas boas que já fizeste. No dia que assumir tua culpa, talvez os demais partidos, tão culpados quanto tu (e também fazedores de coisas boas ao país), haverão de fazer o mesmo. Ou deixarão de existir.

Eu de novo dando uma de otimista na terra do nunca. Não adianta, não perco a mania de sonhador.

Boa semana a todos.

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PS.: Pois o falecimento de Inezita Barroso é a pá de cal para a música brasileira de raiz. É duro o golpe na música sertaneja. Que descanse em paz.

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