segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Libertino? Não, chato!

A verdade, triste e real, é que a sociedade brasileira a cada dia que passa está mais chata. Procuramos pelo em ovo em cada ação da vida, por mais banal que seja. Uma piada vira motivo de demanda judicial e indenização para a parte supostamente lesada; políticos tem a cara de pau de querer criar lei que imputa em crime críticas a eles (mas isso vale para crítica a pessoa ou a personalidade de político?); superdimensiona-se alguns preconceitos que sequer parece que existiam mais e voltaram à tona. Enfim, a cada novo ano, criamos mais e mais barreiras para tornar a nossa vida em sociedade uma chatice. Cada um é senhor de infinitos deveres e pouquíssimos direitos, afinal, não há tempo para a liberdade em detrimento à segregação.

Na década de 1970 fez muito sucesso um gênero no cinema nacional: a pornochanchada. Filmes com teor erótico de leve a moderado que ganharam as telas brasileiras e não mataram ninguém. Pois hoje em dia, materiais com o mesmo conteúdo já seriam considerados atentadores ao pudor, tendo de serem classificados como impróprios para menores de dezoito anos, relegados às sessões exclusivas das vídeo locadoras, onde ainda existem locais do gênero. Sério, seios de fora atentam contra alguma coisa? Só se em desfavor dos despeitados (com o perdão do trocadilho).

Detalhe: não estou defendendo a liberação de conteúdos eróticos, mas sim, o superdimensionamento que se dá a eventual divulgação e exposição de conteúdos com cunho sexual. Precisa mesmo transformar o sexo num tabu intransponível, que não pode ultrapassar as quatro paredes? 

Na música, a mesma coisa, Na década de 1980, o rock nacional puxou a fila de manifestação que culminaram no movimento das 'Diretas Já', trazendo muitas críticas em forma de música. Hoje, além do rock nacional não possuir a mesma amplitude de outrora, o que mais se vê são gêneros musicais que fogem de qualquer vinculação com a crítica, preferindo ficar em cima do muro. Ou seja, não há mais uma posição definida, com raras exceções.

Ainda, e o que considero mais grave, se dá em sala de aula. Professores não podem mais chamar atenção de crianças que isso configura-se atentado a moral das mesmas. Daí, pai e mãe que não estão nem aí para a educação de seus filhos, achando que isso se aprende na escola, ainda querem ver salvaguardados todos os direitos de seus filhinhos mesmo em caso de indisciplina. Tadinhos, uns anjinhos....

Por fim, o que falar na política deste país? As pessoas "de bem" sequer querem falar de política e isso não só é fruto da corrupção. A nossa democracia dá volta em círculos e, no suposto destino, acaba retomando à estaca zero. Vamos do nada a lugar algum e acabam sempre os mesmos nos "representando".

Ora, ouso dizer que vivemos um processo de involução. Ao invés de aprendermos a viver com a indiferença, tratamos de fazê-la um bicho papão. Seria tão mais fácil aceitar que estamos em 2016, e não um século atrás. Se bem que talvez a no início do século passado talvez a coisa fosse mais evoluída que agora, afinal, o Brasil não era a terra da libertinagem?

Brasil, 2016, um país chato.

Boa semana a todos.
Forte abraço.

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