sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sina de andejo

Enquanto aguardava no carro, com um sol de rachar e um calor infernal, motor desligado já que a luz do combustível piscava desde o dia anterior, prestei atenção num operário duma obra quase em frente; uma repartição pública. Juntava aquele entulho com uma vagareza plausível, afinal, o calor era mesmo intenso. Mas o que mais me chamou atenção foi que, a cada três ou quatro "pazadas", era uma olhada no celular. De certo atualizava o feed de notícias do facebook ou esperava retorno, via zap zap, do convite feito à "nega véia" para irem ao bailinho. Afinal, amanhã é feriado.

E até mesmo o peão de obra está hoje familiarizado com as benesses (ou não) da tecnologia moderna. E que bom, já que o sol nasceu para todos. E que sol minha gente, que sol.

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Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é hoje considerado um herói nacional, tanto que virou feriado, ocorrido ontem. É a representação simbológica, mas também real, da luta pela liberdade e pelo viés democrático. Ontem, era contra a coroa portuguesa e hoje contra a corrupção, que já existia na coroa portuguesa. E lá se vão mais de 200 anos e seguimos lutando contra alguma coisa. 

Pois Tiradentes não era um dentista do seu tempo, mas tinha a boca privilegiada por onde ressonava os seus ideais. Hoje, o que se vê, é que falta dente para muito deputado federal que é desprovido do mínimo de ideal.

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Hoje é uma daquelas sextas-feira meio complexas. Ontem, feriado. Alguns emendaram e curtem bons momentos de folga e lazer. Outros estão trabalhando, mas vendo a cidade num ritmo mais devagar. É uma incógnita saber o que pensam os que seguem trabalhando normalmente. Ou não, afinal, a vida é assim mesmo. Eu, há muito não me apego a feriados.

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A publicação de hoje está mais para um chasque generalista, em que pese o dia. Não me parece haver muito assunto pertinente nesse momento que não os perrengues políticos. Porém, este não é um espaço de política e muito menos trata dela objetivamente em sextas-feira. 

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No tempo da faculdade, que não faz muito mas parece uma eternidade, não raro tinha tempo para chegar com certa folga. Dirigia-me à cafeteria da biblioteca. La pedia um pingado, que possuía um nome mais sofisticado, mas para mim, sempre pingado. Degustava enquanto sonhava com o que o futuro me reservava, uma carreira a partir do dia que saísse de vez. 

Pois, por incrível que pareça, já não entro mais com tanta frequencia em alguma cafeteria. Também os sonhos já não são mais tão corriqueiros. A vida ficou mais pesada. A universidade te abre caminho e te faz um sonhador. Já a vida trata de fechá-los muitas vezes e te transforma num cético.

O que fazer para mudar esta sina de andejo?  

Penso na resposta e um dia destes comento por aqui.



Bom final de semana a todos.

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