terça-feira, 5 de abril de 2016

Um ar puro.

Ando cansado de ler tantas coisas estúpidas na internet, com predileção às redes sociais. Ademais, muitos ficam querendo saber em que categoria me enquadro: coxinha, petralha ou isentão? Quanta bobagem. Não sou daqueles que está gostando deste governo atual, coxinha, pois; mas também não sou daqueles que acha que o governo atual é um desastre por completo: petralha! Penso eu, também, que as discussões políticas não tem trazido nada de bom para o país e que é preciso respeitar as instituições e a legalidade. Um isentão convicto, então.

Estão vendo? Podemos ser todos em um só. E também não somos nada, afinal, a vida segue difícil e complicada por aqui, independente do seu lado do muro (ou mesmo em cima dele). Falamos de coisas menos massantes, portanto. Para conseguir respirar um ar puro, de quando em vez.

***

Saí de São Chico quando tinha 9 (nove) anos de idade. Em agosto próximo, estarei completando duas décadas de abandono à querência, ainda que nunca tenha abandonado, verdade seja dita. Sequer conseguirei fazer isso alguma vez na vida, penso (novamente) eu.

Quando guri, reticente e com saudade daquilo que por lá deixei, aproveitava todas as oportunidades para lá estar. Férias escolares, finais de semana prolongados ou não. Quando rompi a barreira da maioridade e com ela vieram as responsabilidades que caminharão comigo para o todo sempre, minhas estadas por São Chico passaram e ser menos frequentes, ainda que constantes. Depois, diminuíram um pouco mais, restringindo-se a uma visita mensal. 

Entre 2009 e 2011, por razões profissionais, tive a oportunidade de frequentar São Chico com uma regularidade semanal, onde voltei a compartilhar do dia a dia da minha terra natal. Fiquei inicialmente intrigado e, por fim, entediado. Pensava como as pessoas conseguiam viver de forma tão devagar? Me decepcionei ao ponto de pensar que no meu destino não passava mais a ideia de um dia voltar para minha serra, de vez.

Nos anos que se seguiram, até chegarmos aos dias de hoje, aumentei minha ausência, conseguindo bater a marca de quase 4 (quatro) meses sem visitar São Chico. Condição vergonhosa, mas que ao menos me fez enxergar que aquilo ali é o meu lugar e jamais sairá de mim.

O problema, ao fim e ao cabo, não é São Chico, e sim eu. Não é São Chico que é muito parada; segue seu ritmo histórico de pacata cidade do interior. Fui eu que deixei entranhar em minhas veias esta vida louca da cidade grande que só sabe viver em ritmo alucinado.

Não, não encerrarei este texto afirmando que é hora de voltar para São Chico. Mas, sim, São Chico merece que eu lhe dê outra chance.

Aliás, carece de todas as chances que se fizerem necessárias. São Chico é terra boa, afinal. É a minha terra e isso, tempo nenhum conseguirá apagar.

Abraço a todos.

PS.: Embora amante de São Chico, não posso deixar de felicitar a cidade que me abrigou há quase 20 anos. Parabéns, Novo Hamburgo, por seus 89 anos, neste 05 de abril.

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