segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nem o cusco anda rengueando mais

São Francisco de Paula/RS, sábado, 05h45min: - 9ºC. Ao descrever “-9ºC” estou obviamente me referindo a temperatura. A sensação térmica devia beirar os -15ºC. Neste exato momento as torneiras estavam congeladas, portanto não saí água por elas. Creio que que até as “tetas” das vacas estavam congeladas, transformando o leite em um legítimo picolé natural. As vacas mais corajosas, que se atreviam a sair campo afora, certamente já estavam esquiando sob um espessa camada de gelo formada por uma das maiores geadas dos últimos tempos, a maior do ano, certamente. Eis que surge o momento de até um cético em relação ao frio, até uma pessoa que gosta de frio reclamar do frio, pois afinal, não é pouco frio, é muito frio. Neste mesmo sábado, toquei um baile na cidade de Estância Velha, e prometo fazer um comentário sobre o mesmo até o fim deste texto. Isso, se os meus dedos não congelarem até a metade do traçar destas linhas.
A maioria dos leitores deste blog já deve ter lido aqui eu defender o frio e abominar o calor intenso. A maioria de vocês já devem ter me visto fazendo correções pontuais quando escrevi algo que não condizia com a verdadeira realidade. Não tenho o mínimo problema em reconhecer os meus erros publicamente, nem de mudar de opinião quando o passar do tempo me mostra que isso é possível ou até mesmo necessário. Quero deixar bem claro que continuo gostando do frio e abominando o calor intenso, contudo, há uma inversão de valores nesta questão toda. Nestes últimos tempos tenho aprendido que não devemos ser tão radicais, trabalhar tanto com extremos. Sendo assim, deixo claro que não gosto dum frio de -9ºC. Aliás não gosto quando o frio está abaixo de 10ºC, mas admito que de 0ºC a 9ºC a tolerância é possível. Não gosto de temperaturas acima de 27ºC, mas admito que de 28ºC a 30ºC a tolerância também é possível. Portanto, tudo é uma questão de convivência pacífica baseada na tolerância. Como se fosse tão simples assim. Simples mesmo é que estou admitindo que gosto do frio, porém, em situações moderadas. Admitir isso é simples e ainda não doeu nada.
Sábado a noite eu toquei um fandango em Estância Velha. Por volta de 4hs da manhã, no andar da madrugada, meu carro estava coberto de gelo. Por alguns instantes meu auto de preto se fez branco, e certamente não foi fácil derreter este gelo. No retorno ao lar, andei alguns quilômetros com a visão embaraçada pela água congelada sob o para-brizas. O baile até deu bom, frente ao frio que estava na rua. Se fosse eu que estivesse me preparando para ir ao fandango, certamente ao chegar na porta de casa sentiria vontade de voltar para dentro e ficar ao redor dum fogão de lenha campeiro. Mas aí me lembraria que sou gaúcho e que não me entrego pra peleia jamais! Lembraria também que não há nada melhor para esquentar o corpo do que o embalo de uma cordeona gaúcha, num fandango flor de macanudo. As 4hs da manhã não havia ninguém mais na rua. Nem mesmo um cusco rengueando de frio. Mazahh frio hein? Se foram até os cuscos rengueadores.
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Abraço e boa semana a todos.

Um comentário:

Unknown disse...

Me obriguei a rir do teu texto, fiquei imaginando tua expressão ao escrevê-lo, bem pouco indignado com o frio... hehehe.

Quanto ao baile, certamente a gauchada se arriscou a sair de casa pq tinha certeza que o fandango seria bom. Mas vou esperar pra confirmar quando puder ir em um. ;)

Beijo!