terça-feira, 13 de maio de 2014

Disparada

"Prepare o seu coração, pras coisas que eu vou contar; eu venho lá do sertão...". Este é o começo da música "Disparada", de Geraldo Vandré e ... ficarei devendo o outro autor, lamento. Umas das mais belas composições do cancioneiro brasileiro, muito em função da interpretação grandiosa dada por Jair Rodrigues, que fez desta música uma das mais belas que existe no vasto repertório das canções do país. Pois já se passaram 5 (cinco) dias que o grande Jair Rodrigues nos deixara e eu ainda não havia traçado algumas linhas em sua homenagem. Talvez submerso num profundo vazio inspiratória, diante de mais um Artista, sim, com "A" maiúsculo que partiu e cá ficamos nós órfãos, sem saber os rumos que a música tomará daqui por diante.

Uma morte inesperada de quem, poucos dias atrás, exalava sua humildade e bom humor pelas rádios e televisão. Quem o conheceu de perto, diz que era duma simplicidade tamanha, que tratava a todos como iguais o que deveria ser a regra, alias, artista ou não. Tanto por isso que fazia sucesso há tantos anos. No último show que fez na região, no longínquo ano de 2012, o fez com casa cheia. Tivesse tido tempo de vir ao Teatro do Feevale, que hoje desponta como principal casa de shows da região, para alegria dos amantes da boa arte, certamente esgotaria os ingressos em questão de pouco tempo, poucos dias ou até mesmo horas.

Músicos dessa envergadura estão ficando cada vez mais escassos. O que se vislumbra hoje é o sucesso rápido, galgado em músicas que mais parecem virais. Aliás, por respeito a tantas canções que ganharam o mundo e também em face de grandes colegas que se dedicam à arte, sequer se pode chamar isso de música. Um "acolherado" de palavras que ganham uma melodia tão simplista quanto e se destacam sei lá como e como sei lá porque!

Perde a música brasileira e nossa arte de raiz, tão bela e simples (por isso tão bela!) um dos seus principais expontes: Jair Rodrigues. Seu tempo dedicado a nossa cultura, todavia, não terá sido em vão, pois daqui há muitos anos ainda haverá muitos que levarão seu nome a tantas outras gerações, por uma questão de justiça!

***

Pois na semana que passou, marcou-se o aniversário de duas décadas da morte do imortal Mário Quintana. E nos versos desse Mestre, homenageio a ele e ao Jair Rodrigues:

"Todos esses que aí estão 
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!" (Poeminha do Contra - 1973)

Dois grandes que deixaram este nosso plano em "disparada". Feliz de nós, ao menos, que seus legados serão eternos...

Boa semana a todos.

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