segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O muito que é pouco

Pois quis o destino me fazer assistir, na noite de ontem, as últimas cenas do maior sucesso do cinema brasileiro moderno: Tropa de Elite 2. Aliás, abrindo parênteses, imperioso referir que quando do seu lançamento e estrondoso triunfo, escrevi aqui um texto justamente dizendo que o o Coronel Nascimento, interpretado com galhardia pelo ator Wagner Moura, era o super-herói brasileiro, pois havia realizado no filme coisas que muito brasileiro um dia já pensou em fazer. Como esquecer daquela cena onde ele dá uma surra em um deputado corrupto? Então...

Quando passei a ver o filme, ontem, a referida cena já havia acontecido, estando o Coronel Nascimento já no parlamento fluminense respondendo os questionamentos do deputado Eduardo Fraga, em CPI promovida pelo mesmo. Todavia, do pouco que vi, enxerguei muito de como a coisa, infelizmente, funciona no nosso país. Após as revelações do personagem, muitos bandidos e policiais corruptos mortos e outros assumindo o sistema; um deputado preso e o governador reeleito para mais um mandato, mesmo envolvido na maracutaia; o mesmo deputado que apanhou, sendo eleito presidente da comissão de ética do Congresso Nacional. Em suma, nada mudou.

Daí, dei-me conta que o filme, de fato, retrata aquilo que a vida real nos mostra. A corrupção, o crime e a vida pregressa de alguns políticos e membros da sociedade que deveriam dar o exemplo para nós, pobres mortais, compensa. E como! Claro, que nada pode ser generalizado. Temos muitos bons políticos trabalhando em favor da sociedade. Ouso dizer, contudo, que este é um muito que é pouco.

E o universo em que nada muda, o político, justamente se constrói por este muito que é pouco. Muitos de nós reclamam, usam hoje em dia das redes sociais e da internet como um todo para manifestar sua indignação com tudo que aí está e como está. Mas na hora de prática efetiva contra tais desmandos, estes muitos viram poucos e a coisa realmente não muda. Um bom exemplo disso são as eleições, que nos dão oportunidade de mudança a cada dois anos. Mas...

Dessa vez, todavia, me obrigo a fazer um aparte, pois o cenário eleitoral que vem se consumando deixa muitas dúvidas acerca do nosso futuro. A meu ver, ao menos, não temos nenhum candidato que possa representar, realmente, algo novo e expectativa de mudança. A entrada de Marina na corrida presidencial, em nada muda, pois, é preciso ser lembrado que bem pouco tempo atrás, a mesma estava no governo atual. Também Aécio, embora de família tradicional e relativo sucesso no governo de Minas Gerais, sofre acusações envolvendo corrupção. Pelos pagos do Rio Grande, a fotografia não está em melhor estado, infelizmente.

Então, é esperar os próximos dias para ver se este meu "muito" ceticismo, vira um "pouco" de esperança.

Abraço e boa semana a todos.

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