sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Mata a cobra e mostra os dentes

Correu o mundo a história do guri, da cidade gaúcha de Mostardas, que com apenas 1 ano e meio de idade matou uma cobra a mordidas. Um filhote de Jararaca!  Não fosse isso, talvez seria mais uma criança a figurar as estatísticas de mortalidade infantil. Que cousa, tchê! 

É claro que eu nunca saí mordendo répteis por aí, mas este episódio me fez lembrar dos meus tempos de guri, onde aprontava algumas por onde passava. Certa feita, resolvi pegar todos os frascos de remédio para o gado que o falecido Vô Neto tinha em cima de uma velha mesa no galpão, lá fora. Fiz um estrago terrível e ouvi xingamentos. Obviamente merecidos. Mas até para xingar o Vô Neto era um ser humano pacificador, impressionante. Pessoas como ele fazem muita falta num mundo de agora.

***

Lá nas bandas da Cazuza Ferreira também fiz das minhas. Tinha uma amigo por lá, o Gelson. Um cara gente boa que não vejo há quase duas décadas. Ocorre que por fim, pouco antes de ir embora de vez da velha e boa Cazuza, o Gelson foi morar na entrada do distrito, o que me fazia ter de executar uma certa caminhada até sua casa e depois na volta para o "centro" da Cazuza.
Num destes retorno, por motivo que não lembro, ele voltou comigo. Vinhamos de a pé quando parou um caminhão, pedindo informações. Disse que guiava o cara até o seu destino se nos desse uma carona.

Prontamente subimos à boleia do caminhão, eu, louco de faceiro. Já o Gelson apavorado, sem saber o que o caminhoneiro podia fazer, inclusive deixou a porta do caroneiro meio aberta. Me disse ele depois que se o motorista inventasse de não parar ele se atirava. E eu não duvidava que isso pudesse vir a acontecer. hahahaha.

Pois foi na Cazuza e neste mesmo caminho à casa do Gelson que matei uma cobra pela primeira (e única!) vez. Caminhava apressadamente ao meu destino quando dei de cara com o réptil, bem em frente a entrada da antiga sede da Gaúcha Madeireira. Era verde, não mais de 30 cm de comprimento, e se foi com uma pedrada (ou cinco, talvez). Ficou lá estirada. Quisera seu destino trágico que um caminhão logo após tenha passado por cima dela. Advinha quem estava dentro do caminhão? O motorista, eu e o Gelson. Hahaha. 

Realmente eu era um carrasco!

***

Dizem que lá na fazenda do Vô Neto tinha muitas cobras, antigamente. Eu mesmo nunca vi. A história mais cabeluda, pasmem, envolve a senhora minha mãe. Estaria ela, ainda quando criança, sentada num degrau da antiga "casa do tanque", quando simplesmente uma cobra passou por cima de seu colo e se foi embora, sem nada fazer.

Se é verdade eu não sei, mas que bom que não aconteceu nada. Do contrário, talvez não estivesse aqui hoje para contar esta história. Ou seria "estória"?

***

Logo após o fato, os pais da criança que matou a cobra a mordidas, apavorados, levaram a mesma para o hospital. Segundo o médico que procedeu o atendimento, “ele mordeu esse filhote de jararaca bem próximo da cabeça o que acabou imobilizando a cobra e evitou que ela o picasse”, disse. “A criança estava muito assustada, acho que foi instinto de defesa ou ele pensou que se tratava de um brinquedo”, completou.

É, minha gente, aqui no Rio Grande o sistema é bruto.

Bom final de semana a todos.

Nenhum comentário: