sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Êra, vida campeira...

Ando com uma dor nos quartos, nestes últimos dias. Dor aguda. Para quem não sabe, dor nos quartos significa lombalgia. É que eu sou antigo, lembro bem do palavreado lá de fora, os jargões do interior. Isso, aliás, somados a quase final temporada de férias, faz-me lembrar dos períodos de férias que passei na fazenda do saudoso Vô Neto e da Vó Neuza. Foram dias em quantia. Sequer lembro se alguma vez abordei este tema por aqui, com mais propriedade. Se não fiz, uma pena.

Já faz algum ano que não passo mais de algumas horas do dia por lá. As férias lá fora fazem parte daqueles momentos bons de saudade. Talvez já se passaram uns 20 anos; talvez um pouco menos. (pero, no mucho). Nas minhas férias, lá fora, o dia começava cedo, tomando um camargo de fundamento (não vou explicar o que é o camargo, mas posso afirmar que é uma maravilha), depois da tiração de leite, vinha o café. Mas põe café da manhã nisso. Eu e o meu primo Maicon, que também passava férias por lá, nos fartávamos com ovo frito, queijo assado, melado, pão caseiro e muito mais. Falecido Vovô, para aguentar o tirão da lida, ainda comia um belo prato de arroz com carne assada. Sim, no café da manhã!!!

Oh saudade... Dele e de nossos cafés da manhã lá de fora.

Por vezes íamos para a campereada também. Tínhamos o velho e manso Tubiano, cavalo que era um lorde para aguentar nossas peripécias. Pois morreu no campo, onde mais gostava. Sequer pude me despedir... Também tinha o Patrick, um cachorro vira lata que gostava da lida; vovô chamava ele de "doga".

Aprontávamos de tudo, ao longo de todo o dia. E os cafés da tarde? Bahh tchê...

A noite era curta, afinal, sequer luz elétrica tinha. Neste ponto, sou sincero em afirmar que as noites eram uma novela. Pois tinha eu uma mania triste de não gostar de dormir no escuro. Era vela acesa a noite inteira. A mania era tão grande que eu acordava segundos antes do pavio queimar de vez, para dar tempo de acender uma outra. Certa feita, já numa das últimas vezes, a tia Neusa (mãe do Maicon), levou uma vela de sete dias. Sabem, aquelas de se por em cemitério (hahaha). Não deu muito certo, sei lá o porquê.

E pensar que hoje tenho asco de claridade e não durmo se não for num breu total.

Pois no outro dia começava tudo de novo. Como era bom acordar com o gado berrando na mangueira, respirar um ar puro e de barulho só ouvir o canto das carucacas (ou corucacas). Tinha de dar mamadeira para o Beco, um cordeiro guacho, milho para as galinhas, e para o velho Tubiano, colocar pasto na estrebaria,  aprontar alguma nova, se molhar no velho tanque de pedra, aprontar outra....

Êra, êra, vida campeira....

Não que hoje eu não seja feliz, mas parece que, naquele tempo, a felicidade era mais pura. Tudo era motivo de alegria. 

Nem lá fora vou mais; contato com o Maicon só pelo facebook... Ficou tudo mais fácil né?

E mais burro também!

Êra, êra, vida campeira.... Que saudade!

Bom final de semana a todos e um abraço forte.

Um comentário:

Rosinery disse...

O que me lembro de uma vez que fui lá fora com vocês, é da tua mãe fritando ovos, e foram muitos, dum pão gostoso feito pela tua avó, e um café passado na hora.Tempo bom!!