segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Não fosse a chuvarada...

Provavelmente eu até já usei este título em outra oportunidade, mas, certamente vêm de encontro com a realidade dos últimos dias e merece ser repisado. Denota-se que a chuva do final de semana nem parecia de verão, mas sim, de primavera, haja vista que a temperatura ainda era amena. Serviu, felizmente, para elevar o nível de nossos rios, ainda que por enquanto, deflagrando alguns dias de vantagem na corrida contra a seca. Pelo nível atual do Rio dos Sinos, mais de quatro metros, poderia dizer que teríamos algumas semanas de tranquilidade. Todavia, dificilmente os arrozeiros não irão aproveitar a alta do leito para, irregularmente, sugar a água da bacia hidrográfica. Nesta época do ano, é preciso ter ciência do que é mais importante: menos de 20 produtores de arroz ou mais de meio milhão de pessoas? A disparidade da conta é tão clara, que chega a ser ridículo tal questionamento. Porém, nosso governo estadual parece não saber a resposta ainda. Pois é, espero que este “ainda” seja apenas por enquanto.
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Lendo uma revista de cunho econômico neste final de semana, dei-me por conta de que o nosso país, não fosse a corrupção, o alto custo da máquina pública e a promiscuidade da grande maioria do povo, seria provavelmente a maior economia do mundo. Senão vejamos: temos matéria prima em abundância ( minério de ferro, basalto, madeira e etc.), mão de obra que, embora não totalmente qualificada, disposta a trabalhar, agroindústria em pleno desenvolvimento, água em abundância, comida e agora, também autossuficiência em petróleo. O que nos falta então? Governantes mais qualificados e melhor distribuição das riquezas do país. Se sul e sudeste são os que mais produzem, injusto o nordeste ser sustentado por nós. A seca não pode ser mais desculpa, afinal, têm nos prejudicado bastante também. Assim, o processo todo começa pela tão sonhada reforma política que terá de impor uma divisão mais justa às cadeiras do Congresso Nacional. A conta não pode ser feita somente pela divisão por número de estados ou quantidade de pessoas, mas também pelo PIB de cada região. Parece uma forma preconceituosa de divisão? Até pode parecer, mas e hoje, não está assim por acaso? Não continuamos sustentando parte do Brasil?
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A chuva ocorrida no final de semana era tão esperada, que não ouvi uma alma sequer reclamando. Eu mesmo andava para baixo e para cima sem guarda chuva e não reclamei. A situação na nossa região estava ficando a cada dia mais crítica e não havia como se esperar mais. Espero que os efeitos da estiagem desta ano consigam alertar o nosso poder público, quer federal, estadual ou municipal, acerca da necessidade de investimentos preventivos com o intuito de atenuar novas ocorrências. Remediar depois, neste caso, é apenas mais uma das tantas medidas paliativas que se usam para dar uma resposta à restrita parte da população afetada, à mídia e aos eleitores, é claro. Cantava o saudoso Zé Cláudio que “não fosse a chuvarada se metendo a besta, traria mil cabeças com a benção do pago”. Pois é, não fosse a chuvarada se metendo a besta, estaríamos com as nossas torneiras provavelmente secas neste exato momento, ouvindo aquela velha balela de sempre. Não fosse a chuvarada...




Abraço e boa semana a todos.

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Editado em 17/01: O que até dias atrás representava "apenas" a futilidade da televisão brasileira e a promiscuidade de boa parte do povo, agora é caso de polícia. Que barbaridade! Mas, isso é Brasil. Chinelagem total...

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