segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A pessoa errada

Ai Se Eu Te Pego virou hit mundial. É isso mesmo que eu escrevi e vocês, afortunados leitores deste blogue, estão lendo: ‘Ai Se Eu Te Pego’, música cantada pelo agora sertanejo Michel Teló, rompeu as barreiras do Brasil e está fazendo tremendo sucesso lá fora. O que dizer? Nada. Que bom para o Michel e para os autores da música. No entanto, o patamar alcançado pelo sucesso da música foi tamanho que tem gerado moções contrárias. Exemplo disso é o texto escrito por Juremir Machado da Silva, escritor e colunista que possui talento inquestionável, em publicação feita em seu blogue, na última quarta-feira. No texto, o Juremir faz uma crítica contumás à qualidade da letra, ao cantor, e, porque não dizer, a incapacidade de dicernimento cultural de nós brasileiros. Apesar de concordar com grande parte do que escreveu, acredito que o direcionamento fora feito para a pessoa errada.

O Michel Teló é só mais um, dos tantos “sertenejos universitários” que existem, que busca um lugar ao sol. Um paranaense que a frente do Grupo Tradição, do Mato Grosso do Sul, por bastante tempo gravou musicas dos Serranos, Monarcas, entre outros gigantes aqui do Rio Grande. Resolveu se lançar em carreira solo e tem tido um relativo sucesso. A par de julgar sua qualidade, acredito que a música que canta, seja este mega hit ou outra qualquer, esta longe de ser uma aberração da nossa música. Temos coisas muito, mas muito piores. Pior ainda é se um funk, por exemplo, aquela coisa ridícula que faz apologia ao crime, às drogas, à prostituição, entre outros, chegasse ao resto do mundo como representante da música brasileira. O povo brasileiro tem carência de cultura? Claro! O povo brasileiro idolatra artistas ruins? Sim! Entretanto, é preciso destacar que o nosso provincianismo cultural não nos faz melhor, nem pior que boa parte do restante do mundo. A música ‘Ai Se Eu te Pego’ não é boa nem ruim. Certamente é bem melhor que muita coisa que divertiu o povo até bem pouco atrás. Ouso dizer que, na comparação, o povo já melhorou um pouquinho. De certo, caro Juremir, seu nível intelectual é tão mais apurado que tamanha simploriedade sempre lhe será intragável. E é por isso que, com toda minha modéstia, acredito que sua crítica, embora real, fora direcionada para a pessoa errada.

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Antes de finalizar, gostaria de dizer que não estou defendendo aqui a música sertaneja, seja ela qual for. Primeiro, que pra mim isso não é musica sertaneja. A vedadeira é aquela cantada por Sérgio Reis, Renato Teixeira, Tonico e Tinoco, enfim. Segundo, que continuo repontando o gauchismo como sempre fiz. Não levanto a bandeira dos outros, mas sim, e somente, a do Rio Grande. O que fiz foi um contraponto pontual, tentando evitar que se abra margem a críticas à mim mesmo. Não pensem que a partir de agora vou tolerar babaquices porque cairam na boca do povo. Fiz um aparte, apenas. No mais, sigo achando que quem deve valorizar mais a música são os músicos, e não só o povo. Não posso dizer que a televisão apresenta o circo para a população, pois estaria ofendendo esta admirável e competente classe de artistas que temos pelo mundo afora. Na canoa furada que é a nossa televisão, muitas vezes não se salva quem sabe nadar, mas sim, que está preso em uma bóia.

Por falar em babaquice, amanhã recomeça a maior de todas que existem em nossa televisão.

Abraço e boa semana a todos.

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