domingo, 25 de março de 2012

O Palhaço

Fazer rir é para poucos. Um palhaço não é simplesmente um palhaço, mas, um artista. É o instrumento que é capaz de transformar a coisa simples em riso, a dor da vida em felicidade. O palhaço não é um simples ator ou cantor; é um representante do povo, que conhece aquilo que a gente passa e o que sente. A piada é simples, quase que infantil, mas com ternura, com paixão e sensibilidade. Um palhaço tem sim a simplicidade daquilo que é puro, daquilo que é, enfim, simples. Como é bom ser simples, não acham? Se emocionar com pequenas coisas, com as coisas boas, relembrar dos tempos de outrora e aproveitar o que realmente é bom. Um palhaço tem esta sensibilidade. Um palhaço não é só um palhaço. É um artista. É o artista. Um palhaço é um palhaço. E ponto final. Aliás, o que é bom nunca tem um ponto final.
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Lamentavelmente, os nossos políticos conseguiram, além de tantas outras coisas (ruins), determinar a desgraça dos palhaços. Hoje, palhaço muito mais é o pobre coitado do trabalhador que trabalha para sobreviver e pagar impostos, do que o grande artista do circo. O do circo já não existe mais. Pelo menos não como era. Palhaço somos nós que vivemos sendo acossados por aqueles s.! (censurado), digo, senhores, que argumentam estarem trabalhando pelo povo e ganhando pouco por este sacrifício. Enfim, fazer o que... Pobre do palhaço, o verdadeiro, um artista belo e honrado que, por causa de tantos, acabou vendo a sua profissão virar apelido para todos nós, os brasileiros.
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Ser palhaço é tão honrado que merece virar enredo de filme. Não fui ao cinema e me arrependo. Assisti “O Palhaço”, de Selton Mello, em casa, e isto me deixou triste. Não com o filme em si, ótimo – por sinal – mas sim, pelo fato de não ter contribuído para o merecido lucro que o cinema proporciona. O brasileiro é tão criativo quando quer. Uma película simples, com orçamento modestíssimo, mas que é capaz de atingir seu objetivo quando este é encantar as pessoas. Senhores e senhoras, após a belíssima franquia de ‘Tropa de Elite’, indico-lhes ‘O Palhaço’. Excelente. É simples, enfim, como um bom palhaço.
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O humor brasileiro, não a cópia decadente daquilo que fazem nos Estados Unidos ou aquela bobagem que nos fazem engolir todos os sábado (ou qualquer outro dia da semana), bem, este realmente perdeu o seu brilho na última sexta-feira. Muitos tentam ou tentaram, mas a qualidade de Chico Anysio faz-lhes falta. Chico não era um palhaço, com nariz vermelho, mas agia como um quando fazia, como quase ninguém, o riso brotar naturalmente ao atingir e sensibilizar positivamente o coração das pessoas. A morte de Chico Anysio mostra que aos poucos o mundo realmente está acabando, isso porque com o passar do tempo temos nos esquecido daquilo que realmente é bom. O mundo morre quando se vão os bons, sem substitutos, e quando os nossos valores vem se perdendo na escuridão de um abismo. A profissão de Chico era humorista. Não era um palhaço, embora tivesse talento para tanto e muito mais. Um dia a luz apaga e o rumo que tomamos passa a ser outro. Tem um dia que o riso fica triste e aí, bom, aí talvez a vida deixe de ter um pouco de sentido. Salvai-vos os palhaços. Obrigado, Chico.

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Abraço e boa semana a todos.

Um comentário:

André Lasnor disse...

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