sexta-feira, 23 de março de 2012

Quando a saudade aperta os cascos

Corre o “ditado” de que uma vez músico, sempre músico. Acho que é por aí mesmo. Ainda que eu me manifeste acerca do encerramento de minha carreira a alguns patrícios e que, na prática, esteja guinando para tal, tenho ciência de que uma vez músico, sempre assim o serei. Me arrepio só de assistir alguns vídeos na internet: Adelar Bertussi dando Oh de casa, Os Monarcas com o velho e bom tranco de sempre, Os Serranos que tem orgulho de serem do Rio Grande, a nostalgia da saudade com Rui Biriva, Leonardo e o grande Zé Cláudio. Serei sempre o Campeiro, isso é indiscutível. Se hoje, afinal, estou sendo cada vez mais o Bruno Costa, o velho Campeiro sempre estará junto comigo. Isso porque tenho orgulho do que fiz pela nossa música e pela tradição. Embora não tenha a petulância de me taxar de tradicionalista sei, ao meu modo, preservar e enaltecer aquilo que é nosso.
Coincidência, ou não, no último dia 11 voltei a subir num palco. Até então, já havia se passados exatos nove meses desde que havia “deixado” a música. O fatídico 11 de junho de 2011 já não povoava mais a minha cabeça. O engraçado é que no palco do CTG Palanques da Tradição, em Campo Bom, tinha a impressão de que aquele baile se tratava de uma despedida. Quem sabe um até breve. O que não diminui, todavia, a surpresa da decisão que me retirou do cenário musical. Lamento não ser tratado com o mesmo respeito que sempre tratei as pessoas. Mas bola para frente. Já pensei em voltar. Por vezes, tive a certeza que assim o faria. Hoje, não é que mudei de opinião, apenas, resolvi trilhar o meu caminho por outros rastros. O que não quer dizer que não posso vir a mudar de idéia. Um bom músico sabe qual é o resultado prático quando a saudade aperta os cascos.
Tive excelentes momentos com a música. Fiz grandes amigos. Citar todos seria até covardia de minha parte. Que saudade das domingueiras lá em São Chico, dos bailes no Essência, daquela noite gelada na Cazuza, das boas histórias do Juliano, da parceria com meu compadre Cirilo, da lealdade do Airton e da amizade do São Borja. Enfim, a música reserva um grande espaço fraterno dentro do meu peito. Quis o destino me “afastar” dos palcos. Coisas da vida, afinal. No entanto, da música nunca me afastarei, serei sempre o Campeiro. Hoje eu continuo sendo o Campeiro. Por aqui, sigo escrevendo umas linhas de vez ‘enquando’, sem jamais deixar de lado o lugar da onde venho. Este texto até pode ser um texto de despedida, ou não. Quem sabe é pura reflexão. Aliás, esta saudade que invade o meu peito ta me apertando os cascos! Que fazer então vivente?

Forte abraço a todos e um bom final de semana.

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