segunda-feira, 4 de julho de 2011

As vezes

As vezes a televisão até se presta a agir como uma fonte de cultura, tal qual foi seu princípio, nos primórdios do seu desenvolvimento aqui no Estado brasileiro. Mas isso só ocorre as vezes. Nos últimos tempos o que temos visto é uma corrida comercial que visa tão somente o lucro de meia dúzia, se é que chega a “tantos” assim. As vezes temos estas situações que só ocorrem “as vezes” e aí, é preciso que haja a serenidade por parte deste que vem aqui escrever toda a semana para reconhecer. Eu admito que não assisti a referida cena, até porque muito pouco assito televisão. Novela então, raramente. Mas o caso aconteceu em uma novela. Pelo que li ontem em um jornal de grande circulação, a novela das vinte e uma horas mostrou uma cena na qual um criminoso do “colarinho branco” enquanto era preso, se é que isso realmente ocorre na vida real, sua mulher, advogado e outro juntavam agitadamente dinheiro do chão, como se a cena quizesse dizer que ainda que preso, a lavagem iria continuar pelas mãos de seus comandados. Tudo isso, ao som da música “Que país é esse” de Renato Russo. Peço desculpas por não saber ao certo o ocorrido, até porque não assiti a cena, contudo, não é preciso muita imaginação para ter idéia do que ocorreu. Na verdade, do que vem ocorrendo neste país nos últimos anos (muitos anos). É o ontem que será sempre o hoje.
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Eu até nem ia tocar no caso, mas no andar da carruagem... O assunto dos últimos dias em nível nacional ( diga-se imprensa) dá-se em razão da fusão do grupo Pão de Açucar com o Hipermercado Carrefour. Num primeiro momento, o questionamento seria apenas em função da concorrência leal ou não neste nicho econômico. Mas, e sempre tem um mas em tudo, tal questão ficou em segundo plano em virtude de como será processado a parte financeira desta fusão: com recursos do BNDS. A saber, BNDS é um banco público, ainda que da administração indireta. Pra não me alongar nas delongas do noticiário nacional, posiciono-me do mesmo lado da maioria que acha não caber ao governo intervir no privado. Cabe ao governo intervir sim na concorrência desleal que tal fusão poderá causar, e, principalmente, intervir na melhoria e reconstrução do péssimo serviço público que temos, na construção de escolas que estão faltando, de teatros públicos, bibliotecas, enfim, investir na verdadeira cultura: aquela que realmente enriquece o cidadão.
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O sucesso da televisão no Brasil é até bem aceitável, afinal, num país que até pouco tempo grande parte da população freqüentava a classe “D” e “E” em nível de pobreza, não é de se esperar que teatros e livrarias fossem as principais fontes culturais do nosso povo. Dessa forma, sendo pláusível conviver com o sucesso da televisão, pode-se subir mais um degrau e tratar de outros assuntos importantes. É impossível não trazer uma crítica ao Estado brasileiro que muito pouco fez nestes últimos anos para pelo menos tentar equiparar o nível de contribuição cultural de cada “fonte”. Ora, não se faz esforço algum para incitar a população a visitar um teatro, uma biblioteca, uma livraria. Dá-se desconto para compra de televisão, mas não se oportuniza ao grande público a possibilidade de freqüentar um bom teatro, um bom cinema e comprar um bom livro a preços acessíveis. Num contraponto, não posso deixar de fazer uma auto crítica, afinal, o que venho fazendo para enriquecer a cultura do povo brasileiro? Cantando a pura música do Rio Grande, que, se não é a melhor do mundo, pelo menos tem idealismo, história, fundamento e valor. No mais, sigo a criticar este “endeusamento” que se faz da televisão no Brasil. E quando as vezes há algo de bom, elogiar. Mas isso, acontece bem “as vezes”.

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Abraço e boa semana a todos.

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