sexta-feira, 29 de junho de 2012

Desembarcado

O Vô Netto quando pretendia sair de carro de casa, dizia que iria sair “embarcado”. Ele se foi já faz alguns anos, mas estes dias passei a relembrar de algumas coisas que dizia, principalmente, o “embarcado”. Desde os meus dezoito anos ando de carro com frequência, para não dizer sempre. Comprei meu primeiro veículo tão logo tinha idade para guiá-lo e desde então já estou no quarto. Nunca fiquei a pé desde então. Ou não tinha ficado. Bem dizem os mais velhos que temos que ter muito cuidado com a palavra “nunca”. Ela dá sentido de fim e na nossa vida, somente a morte parece sepultar o de cada um. Com controvérsias, é claro, eis que o Vô Netto continua na lembrança e na saudade dos que aqui ficaram. Enfim. Desde o último sábado parei de andar de carro. Botei o meu à venda e, por isso, passei a fazer uma contribuição mais vibrante para com a causa ambiental. É meus caros, não é fácil ser amigo da natureza neste país. Nada fácil!

Primeiro, que depender do transporte público é algo desafiador. O serviço ruim vai muito além da qualidade dos ônibus e dos horários disponíveis. Motoristas e cobradores, na maioria, são pessoas despreparadas para atender os anseios da nossa população que depende deste serviço. Ademais, o preço gasto é algo absurdo. Numa rápida conta, cheguei a conclusão que se dependesse de ônibus, ao final do mês teria um gasto superior a R$ 300,00, pasmem, sozinho. Afora as horas perdidas dentro de um veículo sem ar condicionado, com bancos desconfortáveis e etc. Portanto, meus amigos ambientalistas, não há como fazer crítica aos que andam de carro expelindo gases tóxicos por aí. Não atualmente, dado o descaso do péssimo transporte coletivo brasileiro.

***

Não sei por quanto tempo mais andarei sem carro. Está difícil vender carros usados, ainda que o meu seja considerado um seminovo. A tática governamental de facilitar a compra dos 0km, têm abarrotado as lojas de usados por aí. Há um a inversão na balança de forma que, muito em breve, o brasileiro ou não mais conseguirá investir em veículos novos, ou estará bastante endividado. Mas isso o governo não enxerga.

***

Andar desembarcado tem sido uma experiência e tanto para mim. Certamente têm me feito sentir saudade do carro, mas também, me faz lembrar que não preciso ser tão dependente. O melhor de tudo é que me trouxe à tona lembranças boas do passado. Enfim, nada é o que parece e o que parece talvez nunca terá fim. De novo o nunca? Nunca diga nunca! Mas que voltar a andar de a pé vai ser difícil, isso vai.



Terça-feira tem Os Serranos, na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Bela pedida.


Forte abraço e bom final de semana a todos.

Nenhum comentário: