Qualquer
dia desses irão dizer que não sei viver o presente e o futuro, pois só penso no
passado. Seja nos carros, na arquitetura, nas cidades, enfim. Em verdade não é
uma questão somente de nostalgia. Ora, só porque é moderno não quer dizer que é
bom. Tem muita coisa antiga que é muito melhor que a nova e diversos fatores como
resistência, por exemplo, diante da qualidade do material utilizado preteritamente
e que não se repete nos dias de hoje.
Outras
coisas tem todo um valor sentimental por trás. Neste caso, geralmente, ligados
à nossa infância. Não raro me paro a pensar no tempo de criança e me brota uma
saudade daquelas que as vezes chega a doer. Não que hoje não seja bom, mas a
felicidade naquele tempo era diferente, mais pura e muito menos consumista e
comercial. Sem contar na lembrança de pessoas que não estão mais presentes ou
que a vida levou para outros caminhos, que já não se cruzam mais com os meus.
Pois
hoje, um sábado de feriado de finados que não tem vento, o que é uma grande
novidade, passando não tão rapidamente por uma rua de Hamburgo Velho, avistei
dentro de um antiquário um velho baleiro, daqueles de vidro, com muitas tampas,
e que girava 360º em cima do balcão de algum bolicho ou armazém.
Para
começar, já quase não se vê mais bolichos ou armazéns abertos por aí. No
interior, talvez. Foi-se o tempo em que íamos até a “Venda” para comprar algum
seco ou molhado que tenha faltado para completar a “bóia” do almoço; hoje, a
moda é ir nos “mercadinhos” ou em grandes redes sem hora para abrir ou fechar.
Voltando ao baleiro, lembro-me de ir nas bodegas da Cazuza Ferreira atrás de
balas e doces. Muitas vezes me contentava somente em girar aquele baleiro,
ouvindo aquele barulhinho do eixo com falta de lubrificação. Fecho os olhos e
escuto o barulhinho na minha mente... Impressionante!
Ou
então, em alguma venda de bairro em São Chico, nas voltas que dava com o falecido
Vô Neto, enquanto negociava a venda de alguns quilos de queijo serrano. Bahh
tchê, que saudade do velho baleiro. É possível que eu esteja descontando minha
saudade no baleiro quando, na verdade, o que parece é que os dias de hoje não
me trazem felicidade. Creio parecer ser mais um contrassenso, visto que sou
muito feliz com o que tenho hoje em dia. Logo, prefiro imaginar que é mesmo a
nostalgia da saudade.
Saudade
das coisas simples, belas e emocionantes. Que saudade do velho baleiro de minha
infância. Que saudade!
Abraço
e bom final de semana a todos.
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