sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Qual a rádio que tu escuita?

Hoje pela manhã andava pela rua quando, passando em frente a uma obra civil, ouvi um rádio a todo volume tocando musica gaudéria. Por coincidência, não é a primeira vez que passo em uma obra e ouço música alta; é bem comum, por sinal. O que não é, de fato, é a música gaúcha ser a privilegiada. Como está cada vez mais raro ouvir música gaúcha nas rádios aqui do Rio Grande, cheguei a diminuir o passo para ver se descobria qual estação os trabalhadores da construção civil escutavam. Por sorte, acabou a música (“Sobrancelha de Jacaré” – do Beto Caetano) e constatei que o rádio sintonizava a Liberdade; uma das últimas, ao menos na região metropolitana, que mantém programação tradicionalista exclusiva. Mas nem tudo são flores, infelizmente.

Pois para minha surpresa, dia desses, sintonizei o '95.9', que há décadas acompanhava a Liberdade FM, e fiquei parecendo barata tonta, eis que só falavam de futebol. Logo imaginei que tinham dado fim na nossa Liberdade mas, indo atrás da notícia, descobri que a Rede Pampa, detentora do prefixo, fez uma permuta com o '101.9', da qual também é proprietária. Desde o início deste mês quase findo, a Liberdade passou a usar o prefixo da tal rádio grenal e vice e versa. Embora, ache um desprestígio com a Liberdade, ao menos não se encerrou o canal tradicionalista, tal qual o grupo RBS fará com a Rádio Rural, que já não tem mais programação ao vivo e, ao cabo de 2013, encerá suas atividades dando lugar a programação exclusiva para a Copa do Mundo de 2014. Lamentável!

Nesse sentido cumpre referir que a Liberdade, praticamente, já não possui mais programação ao vivo, salvo um programa no fim da madrugada comandado diretamente dos estúdios da antiga Universal FM (também da rede Pampa), direto da minha querida São Chico. Isso poderia me levar a crer que a tradição gaúcha estaria descendo a ladeira, principalmente no quesito comercial. Mas não sei. A poucos dias atrás o ENART mostrou exatamente o contrário, tanto que a TVCOM (do grupo RBS) transmitiu ao vivo. Seria a música então?

Como músico que sou, sinto-me no direito de traçar algumas críticas, principalmente no tocante a qualidade da sonoridade atual. Vejo alguns grupos gravando trabalhos medianos, com músicas do estilo “mais do mesmo” e que já não empolgam os colegas de profissão e o público em geral. Já não se formam mais “hits” gaudérios, do tipo que todos os grupos se obrigam a tocar porque o estado inteiro não para de ouvir. Há dez anos atrás, “Batendo Água” estourou com Luiz Marenco e hoje é obrigatória nos bailes. Logo depois, a regravação de Os Serranos da música “Nossa Vaneira” fez todo o estado conhecer e gostar da música e ela também é peça obrigatória em qualquer fandango. Agora, do início da década para cá, não lembro de nenhuma música que tenha virado unanimidade. Uma pena! Mas boto fé em “Floreando a Cordeona” do grupo Os 4 Gaudérios, uma vaneira à moda antiga daquelas de dançar de lado, tal qual preconiza o Porca Véia.

Parafraseando a música do Grupo Rodeio, te pergunto: me dia aí, qual a rádio que tu escuita?

Abraço e bom final de semana a todos.

Ps.: como esperado, já é sucesso a colaboração do Rodrigo de Bem Nunes. Se eu não tomar cuidado, daqui a pouco me expulsam daqui (hehehe).

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