segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Doce ilusão?

Quando se vive num país como o Brasil é preciso ter a cristalina consciência de que o que está ruim sempre tende a piorar. Vejamos o caso do ato político que devolveu ao poder público a administração dos pedágios, por exemplo. Data máxima vênia, não há motivo algum para comemorar. Senão vejamos.

Embora eu detestasse ter de pagar o preço abusivo na praça de pedágio existente entre Canela e São Francisco de Paula, tenho que admitir que após a concessão a estrada sempre esteve em boas condições de trafegabilidade, quer na ERS 235 ou na trecho Três Coroas/ São Francisco da ERS 020. Antes do pedágio, Senhoras e Senhores, chamar, principalmente o trecho da ERS 020 mencionado de lixo era elogio, acreditem.

Pois agora, o nosso Estado do Rio Grande do Sul apresenta com pompa a EGR – Empresa Gaúcha de Rodovias, um ente público que fará as vezes de concessionária e será responsável por nossas estradas. Oremos! Por que digo isso? A praça de Campo Bom fora assumida pela EGR desde sua fundação, há alguns meses. De lá para cá, o que se viu foram muitas propagandas e uma “remodelação” das cabines de cobrança do pedágio. Para não dizer que só critico, começaram a pintar as faixas da pista, há não mais que um mês. Já os buracos que surgiram continuam no mesmo lugar e, pasmem, intocáveis!

Louvável a ideia da administração de Tarso Genro. De fato, na teoria, reassumir as praças de pedágio é favorecer o povo, que já paga impostos a perder de vista. Ocorre, porém, que na prática é uma doce ilusão. A EGR depende de licitação para tudo e isso engessa o serviço público. Sou daqueles que acham que o processo licitatório, em muitas circunstâncias, é um bem dispensável e digo por que: a uma, que a corrupção corre livre e bem solta com licitação ou sem ela; a duas, que o processo licitatório é interminável e só burocratiza a resolução das mazelas que afetam a população em seu dia a dia. Assim, pode ter certeza que logo a buraqueira tomará conta da ERS 020, a julgar pelo transito pesado que tem passado por lá. A propósito: quando o poder público vai dar uma fiscalizada mais intensiva nos bitrens que diariamente tem tomado conta da estrada citada?

Nas praças de pedágio encampadas pela EGR ouve redução de R$ 2 na tarifa. Ótimo. Entretanto, só poderemos comemorar se a coisa realmente funcionar. Se houver a conservação da estrada em boas condições; se mantiverem o serviço de ambulância e guincho (estes são os primeiros a pular da barca) e etc. Do contrário, a julgar que um bom pneu custa mais de R$ 200, este desconto se transformará em prejuízo rapidinho.

Eu nunca fui favorável às privatizações. Entretanto não sou hipócrita em achar que o serviço público no Brasil seja bom. Ouso dizer que no Brasil o serviço público é um desastre, como um todo. Assim, tenho que esperar para ver. Tomara que as linhas acima descritas sejam devaneios de um cético. Ou, a julgar pelos incontáveis exemplos que temos, dá para afirmar que, de fato, neste caso, a a ilusão é adocicada?



Abraço e boa semana a todos.

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