No final das contas, acabei não fechando a porta, mas a encostando. Não sei por quê, mas comecei a pensar nesse assunto este final de semana e a primeira coisa que fiz, hoje, de volta ao mundo globalizado, foi voltar no tempo e reler o texto que, à época, escrevi. Interessante as palavras que usei. Passados exatos 32 (trinta e dois) meses do fato, acho que relembrar é viver... E pensar... E decidir...
"Chega
o dia em
que a gente apaga a luz e fecha a porta. Pega o caminho da rua e não
olha mais para trás. Não é um simples até
breve, mas sim, um adeus. Apagar da memória o que ficou para
trás é impossível, afinal, as boas lembranças
ficarão. O que não foi bom o tempo trata de apagar ou
quem sabe, atenuar. Mas é preciso ir em frente. Os amigos que
ficam permanecerão. Amores talvez? Talvez. Se existirem mesmo
vão embora junto. Mas porque ir embora? Não sei. Talvez
porque é mais uma página a ser virada na nossa vida.
Sim a nossa vida é escrita por páginas, algumas
escritas uma única vez, e outras diariamente até que,
enfim, chegamos às últimas palavras. As últimas
palavras as vezes são fáceis. Outras difíceis. É
por isso que eu acho que o certo mesmo é apagar a luz e fechar
a porta. Sem alarde, sem despedida, sem emoção. Fica
como último momento as boas risadas, o companheirismo e a
saudade. Nunca a despedida, o choro ou a desilusão. Chega o
dia em que a gente apaga a luz e fecha a porta. Pega o caminho da rua
e não olha mais para trás. É assim. Simples.
Numa retomada nostálgica da linha do tempo, volto ao mês
de março do ano de 2006. Já estava a mais de mês
sem fazer nada e preocupado. Aí veio a ligação
me convocando para assumir o cargo para qual eu tinha sido aprovado
em concurso público quase um ano antes. Ao chegar na capital,
descobri que a vaga era para a própria capital. Ora, ainda que
eu já vivesse em Novo Hamburgo há algum tempo, pra um
filho lá dos campos de São Chico de Paula a capital
assusta um pouco. Mas foi só o susto inicial. Hoje amo Porto
Alegre e voltarei a morar lá se o destino assim quiser.
Passados dois anos, voltei para Novo Hamburgo transferido e desde
então, passei a sonha com a possibilidade da mudança de
cargo. Fiz novo concurso, passei em 1º lugar e ainda assim, só
recebi a convocação quase no último suspiro de
validade do processo seletivo. Fui transferido para Taquara. Uma boa
no começo, pensei, afinal, voltaria a viver próximo de
São Chico. Doce engano, afinal, hoje quase não visito
mais a serra. Não me arrependo de nada que fiz, da onde estou,
todavia, chega o dia em que a sua vida precisa de um novo rumo. É
preciso tomar uma séria decisão. Hoje fecho um ciclo em
minha vida. A maioria das pessoas deve me tachar de louco, afinal
estou deixando o tão sonhado serviço público. Eu
procuro achar que eu estou tomando a decisão de viver, ser
feliz. O resultado da minha decisão só o tempo dirá,
mas o primeiro passo eu estou dando: correrei o risco. Eu hoje ando
devagar, mas já tive pressa. Vou tocar em frente. Bem do meu
jeito. Eu hoje vou apagar a luz e fechar a porta. Vou sair pela rua à
fora e não vou olhar para trás. Vou buscar a minha
felicidade e vou encontrar!" (Apaguei a luz e fechei a porta, publicado em 15/04/2011)
***
Boa semana a todos.
Um comentário:
E daí amigo velho de guerra, como foi o resultado de tal decisão?
Um abraço.
Aristeu Nunes
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