Muito
mais que prestar homenagens pós morte, as pessoas devem enaltecer seus ídolos
quando estes ainda estão vivos, até para que saibam do tamanho de sua
importância para seus fãs. Amanhã, nas dependências dos pavilhões da Festa da
Uva, em Caxias do Sul, um dos expoentes da nossa música regionalista se despede
dos palcos. Falo de Élio da Rosa Xavier, o Porca Véia.
Embora
eu não seja um velado fã do artista, reconheço que a importância que o mesmo
tem para com a nossa cultura é incalculável. Não tenho dúvida que o Porca Véia
foi, e continuará sendo, o legítimo herdeiro da música dos Irmãos Bertussi.
Ele, como ninguém, soube perpetuar o som Bertussi através de mais de três
décadas dedicadas à gaita e aos fandangos pelo Brasil afora.
Porca
Véia fez parte de um seleto grupo de músicos com um estilo característico. Tal
como todos conhecem o “tranco dos Monarcas” conhecem o “tranco do Porca Véia”,
daqueles de “dançar de lado”, como bem definiu o próprio. Por falar nisso, o
Porca nunca cansou de dizer o “quanto é bela a simplicidade da música gaúcha”. Pois
foi com um toque simples, com letras e melodias que sempre cantaram a história
do nosso povo, que ganhou o coração das pessoas e sempre, repiso, sempre lotou
CTG’s, clubes e salões de igreja por onde passou. A saudosa Várzea do Cedro que
o diga! Quantos bailes do Porca Véia eu lá dancei, ou ao menos tentei, em razão
do contingente de pessoas que se aglomeravam pelo velho e aconchegante salão.
Se
despede cantando! A bela composição de Honeyde Bertussi cai como uma luva a
circunstância: “eu vou me despedir cantando, como canta o sabiá; eu vou me
despedir cantando, mais adiante eu vou chorar”. Se despede dos fandangos, o
Porca Véia, e vai aproveitar para viver a vida. Faz bem. Muito bem. Sairá de
cena (dos bailes), pode-se afirmar, no auge de sua carreira e será lembrado
pela história da música autêntica do Rio Grande do Sul.
Quem
sabe a saudade um dia aperte e ele volte. Se não voltar, por certo que terá a consciência
tranquila, de que muito contribuiu para a gaita gaúcha. Será lembrado a cada
fandango animado por este Brasil afora, quando a valsa mais tocada por estes
rincões ganhar o choro de uma cordeona apaixonada. Embora seja composição do
mestre Telmo de Lima Freitas, ‘Lembranças’
é sinônimo de Porca Véia.
Os
apreciadores de um bom fandango, tal como eu, sentiremos a falta daqueles
bailes de “dançar de lado”. Não serei mesquinho a ponto de achar que a pessoa
de carne e osso é eterna. Sua música, contudo, há de ser. Muitos haverão de
saber quem foi Porca Véia e os serviços que prestara ao nosso Rio Grande.
Surgirá então algum vivente com um grito de “uia” e o fandango estará formado, “com
a emoção de sempre e a cordeona preparada”.
Obrigado
Porca Véia!
Abraço
e bom final de semana a todos.
PS.:
Este deve ser o último texto que vos escrevo neste quase findo ano de 2013. Caberá
ao meu amigo Rodrigo de Bem Nunes traçar algumas palavras de esperança e
motivação para o novo ano que surge. Dessa forma, desejo desde já um feliz 2014
a todos e agradeço pela parceria de sempre. Nos vemos no próximo ano com muitas
e produtivas novidades!
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